Caminho de flores

Plantei flores no caminho

Onde outrora caminhei

Nele eu andei sozinho

Mas amor eu encontrei

Compensei com meu carinho

A mulher a quem amei.

Sei que foram muitas flores

Colhidas de madrugada

Sem lanterna e muitas dores

Mas segui minha jornada

Meus filhos, trabalhadores,

Cuidaram da mãe amada.

Hoje estou a recordar

Do amor que não contive

Aprendi o que é amar

Na família aonde estive

Agora quero falar

Que um grande amor revive.

Se não sei aonde ir

Nessa minha caminhada

Nada preciso pedir

Pois a mim a paz foi dada

Assim vivo a repetir

Não preciso pedir nada.

Tenho amor pra dividir

Tenho paz pra partilhar

Um caminho pra seguir

Sementes para plantar

Um trabalho pra cumprir

Colocar flor no altar.

Tenho o sol por testemunha

O luar por cobertor

Tenho um nome por alcunha

O saber do pensador

Alguns dedos sem a unha

Que perdi sem sentir dor.

O brilho do meu luar

Sempre diz que ainda me ama

Faço estrofes pra rimar

Quando estou em minha cama

Pouco tenho a divulgar

Mas dispenso qualquer fama.

Sou aquele passageiro

Que perdeu sua passagem

Mas que dispensou dinheiro

Pra seguir sua viagem

Tinha o universo inteiro

Pra lhe dar camaradagem.

Fui outrora um caminheiro

Conselheiro e camarada

Convivi o tempo inteiro

Tendo pouco ou quase nada

Assim mesmo fui ordeiro

E segui minha jornada.

Meu viver foi muito honrado

Isso não posso negar

Apesar de maltratado

E do meu pouco estudar

Do sapato arrebentado

E da roupa a remendar.

De que vale ter fortuna

Se no fim a morte é certa

O dinheiro se esfuma

E a vaidade acerta

A areia vira duna

E a fome então aperta.

Fui um pobre, um pobretão,

Mas no fim virei um rico

Com fortuna de um tostão

Entre os ricos sou o rico

Pois tenho no coração

Muito mais que esse tico.

Fui assim muito feliz

Por andar em traje roto

Fui aquilo que se diz,

Um coitado, não maroto,

Mas o bem que eu sempre fiz

Faz de mim hoje um garoto.

Tenho agora de partir

Pra seguir a longa estrada

Muito tenho a repartir

Nessa minha caminhada

Entretanto o meu porvir

Está no fim da jornada.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 29/08/2015
Reeditado em 29/08/2015
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