O oleiro de Deus

Uma pequena homenagem aos trabalhadores em olaria, nome que se dá ao estabelecimento onde se fabrica produtos de barro, tais como telhas, tijolos, estátuas, vasos, etc.

Numa obra construída

Num país peninsular

Gastei parte de uma vida

Para la poder morar

Mas na minha despedida

Fui morar noutro lugar.

No lugar que fui morar

Recebi nova missão

Comecei a trabalhar

Ganhei nova ocupação

Sem ninguém para ensinar

Mas fazer com perfeição.

Todos la devem ensinar

Para também aprender

Todos a raciocinar

Sobre o que devem fazer

Antes de o sol raiar

Começar o afazer.

Certo dia um veterano

Fabricante de estátuas

Cometeu pequeno engano

Uma estátua ficou chata

Para corrigir o dano

Inventou cobrir com bata.

Procurou um engenheiro

Perguntou o que fazer

Já que não tinha dinheiro

Pra pagar pra refazer

Era um simples oleiro

Que falhara no dever.

Disse isso a lamentar

Esperando a punição

Quando viu alguém chegar

Com um cajado na mão

Dele se aproximar

Sem pedir explicação.

O oleiro quis falar

Mas alguém antes falou

Você sabe trabalhar

No trabalho não falhou

Hoje está a confessar

Um mal que jamais causou.

Seu salário diminuto

Fez você ser paciente

Conheceu o atributo

De fazer algo igual gente

Até no lugar de luto

Fez Jesus estar presente.

Sua vida de trabalho

Não lhe deu em abundância

Não lhe ofereceu atalho

Mas lhe deu a esperança

De pisar no assoalho

Onde o pé de Deus descansa.

Disse o velho humildemente

Tudo fiz para o Senhor

Sei que não sou competente

E também sou pecador

E de forma inconsciente

Eu falhei no meu labor.

Apesar da tentativa

Meu erro permaneceu

A estátua está ativa

Mas não me repreendeu

Sei que ela ganhou vida

Também me reconheceu.

O mais jovem dos decanos

Dirigiu-se a um altar

Convidou o veterano

A ocupar o seu lugar

Lugar que era no trono

Que começou a brilhar.

Uma procissão de fé

No espaço apareceu

Vinha caminhando a pé

Ao vê-lo o reconheceu

Soube então que aquela sé

Ele um dia a concebeu.

Construíra a sua obra

Com padrão de perfeição

A bata que pôs a dobra

Era do centurião

Que sabia que a sobra

Era agora o coração.

Então o centurião

Que também ganhara vida

Disse ao velho artesão

Que estava de partida

Tinha agora uma missão

Carrega-lo na subida.

E assim o velho oleiro

Foi se reunir aos seus

Caminhou o mundo inteiro

Vendo estátuas dando adeus

Ao voltar foi o primeiro

Oleiro a falar com Deus.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 01/08/2015
Reeditado em 01/08/2015
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