CORDEL DA MINHA TERRA
Cordel da MINHA TERRA
Minha terra é pequenina,
Pequenina até demais.
Tão pequena, nem aparece.
No mapa de Minas Gerais.
Não tem gente importante
Com nome fazendo história,
O povo todo é bem simples,
Não faz questão de ter glória.
Tem o Rio dos Franceses
Cortando campos e prados.
É o rio da minha infância,
Dos lindos anos dourados.
Sou filha de fazendeiro,
E neta de coronel,
Daqueles de antigamente
Com os dedos cheios de anel.
Só a voz do “ Coronel”
Tinha a potência do vento,
Do tempo em que um fio de barba
Valia por documento.
E com a palavra dada
Trazia qualquer encomenda,
Vendia seus bois no pasto,
Comprava sítio ou fazenda.
Êta sô Zé Militão!...
Farmacêutico de nascença,
Conhecia todo remédio,
Conhecia qualquer doença.
O carro de boi cantava
Seu cantar bem compassado,
Era a cantiga dolente
De boi triste e cansado.
Ah, trem de ferro imponente,
Você parou, por que foi?
Trazia e levava gente,
Vagão de carga e de boi.
Os vagões até balançavam
Nas curvas da linha do trem,
Às vezes descarrilhava,
Mas nunca matou ninguém.
Passava no Macaquinho
Rugindo como um dragão.
Soltava fogo na boca,
Soltava fogo no chão.
Da janelinha do trem
Alguém olhava pra mim
Abanando a mão tão distante
E sumia no mundo sem fim...
O tempo passou correndo,
Voando como um avião.
Deixou pra trás trem de ferro,
Os trilhos, apito, estação...
Agora vejo na T.V,
Os trilhos enferrujados,
Estações caindo aos pedaços,
Alguns vagões empilhados...
Mas esta é a historia da vida,
Do mundo, da evolução.
Tudo passa, tudo acaba,
como poeira no estradão.
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