Meu conselho.

Meu conselho é pra doar

Tudo que já lhe serviu

Não se deve conservar

Aquilo que se partiu

Ninguém vai recuperar

O que o tempo destruiu.

O conselho recupera

O trabalho dá firmeza

Mas se há quem nos espera

Vendo em nos a fortaleza

Temos de domar a fera

Que levamos para a mesa.

O semblante da senhora

Que esconde a amargura

Para quem chega na hora

Ela demonstra lisura

Se chegar fora de hora

Ela atende com brandura.

Ela é o baluarte

Que prepara o alimento

Age com doçura e arte

Burilando o pensamento

Sempre faz a sua parte

Sufocando o sentimento.

Pra criança eu dou conselho

Ensinando a correção

Sempre dobre o seu joelho

Durante uma oração

Só se mire no espelho

Para alguma ocasião.

Não se afaste do trabalho

Não se meta em confusão

Não cometa um ato falho

Não pratique ingratidão

Não procure por atalho

Sempre estenda a sua mão.

Dê de si sem mesquinhez

Não ostente a vaidade

Sempre aguarde a sua vez

Aja com honestidade

Auxilie o camponês

Demonstrando a lealdade.

Fale sempre só verdade

Desconheça a ambição

Deixe que sociedade

Cumpra a sua obrigação

Saiba que a deslealdade

Causa a desunião.

Para a filha sempre diga

Que o amor é importante

Tente sempre evitar briga

Seja amigo a todo instante

E ao ver alguma amiga

Diga que ela é importante.

Pra mocinha da favela

Diga que o sol se abriu

Se olhar pela janela

Verá que amor surgiu

E que ela é muito bela

Isso o coração sentiu.

Pro rapaz enamorado

Diga pra se preparar

Para quando for casado

À família alimentar

E com o seu ordenado

Da prole também cuidar.

Diga a mãe desesperada

Que a vida é um presente

Ela nunca custa nada

Mesmo se estiver doente

É um passo na estrada

Que nos leva para frente.

Diga ao velho caminhante

Que o tempo não espera

Se alguém viveu bastante

E pra morte coopera

Na verdade é um passante

Que na vida desespera.

Diga ao jovem afortunado

Que o futuro é inclemente

Tudo que lhe for doado

Não é nada permanente

Se for mal aproveitado

Acaba rapidamente.

Diga ao desempregado

Que o preço do suor

Poderá ser aviltado

Sendo cada vez menor

E será sempre explorado

Para o lucro ser maior.

Diga ao revendedor

Que revende o que não tem

Ele é trabalhador

E explorador também

Faz do seu próprio labor

O trabalho de alguém.

Diga ao jovem gazeteiro

Que o tempo está pra vir

Não há tempo e nem dinheiro

Que possa isso impedir

Eu serei logo o primeiro

Ao que tenho dividir.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 28/03/2015
Código do texto: T5186134
Classificação de conteúdo: seguro