A minha Herança
Meu escanchavô Manoel
Pereira Nunes de França
Há muito tempo deixou
Para mim uma herança
Sendo eu seu escancha neto
Eu guardei como Lembrança
Pará quem não sabe quem foi
Meu querido escanchavô
Foi o pai, do pai, do pai
Do pai do meu quadravô
Quincavô do trizavô
Do avô do meu bizavô
Herdei dele um sepo feito
Do tronco de um mulungú
Um Baú esburacado
E uma mala de couro crú
A unha de um Lobisomem
E o casco de um tatú
Os canos do par de meia
Um saco todo rasgado
Um cachimbo sem canudo
E um pinico amassado
Uma panela sem tampa
E um sapato furado
O caco duma enxada
E um serrote sem dente
Um martelo sem cabeça
E um ispisinez sem lente
A inteligência dum burro
E o pedaço dum pente.