Um vaquero sonhadô
Lá pras banda do cerrado
Nos pasto de Marzagão
Viveu um vaquero arretado
que com sua cara de safado
arrasava os coração
Pelos baile da cidade
Com seu porte de soldado espartano
Rancava suspiro das mocinha
Enquanto contava tudo que tinha
Picape, mansão e até um aeroplano
Cem cavalo de raça!
Dez mil cabeça de gado!
porco e galinha até as vista se perdê
5 mil pé de arquere plantado
Só num contava de que !
No final das noitada
pegava o rumo de casa
pendurava a unica roupa que tinha
acendia a bituca de paia na brasa
e sonhava com a linda Rosinha
Sim, Abiné era um sonhadô
Sonhava com tudo que dizia
Sua mansão era um quartinho de sapé
Sua picape era uma carroça vazia
Seu aeroplano era o cavalo zé
Trabaiano na lida da roça
Sempre ria, até do que não tinha
só ficava triste e chorão
Quando lembrava de Rosinha
A mardita filha do patrão
A vida assim foi passano
Biné prá ela se entregano
Só conseguiu ver como ela dói
Quando viu a moça se afastano
Nos braços de um pleibói
Inda ontem passei no casebre
o velho Biné sentado no terrero ao lado do jardim
Um litro de cachaça, seu cigarro de páia e uma foguera
Disse que ia toma uma prá lavar a poeira
Sentei, então pra prosiá mais ele um bucadim
Conversemo e rimo a noite intera
Ele me falo das peripécia do distante passado
Só mudou seu gesto do olhar, mostrando sua dor
Quando do bolso tirou um retrato velho e amassado
e me apresentou a Rosinha, seu único amor
Hoje Biné não acordô
A roça amanheceu calada
Seu corpo, sem vida foi encontrado
Ao lado de um pé de rosa carregado
E um retrato na sua mão calejada