CORDEL – Pois hoje é dia do frevo – 09.02.2015
 
Confesso que não sabia de jeito nenhum que o frevo tivesse seu dia. Até porque no nosso país todo dia tem carnaval, quer nas épocas próprias, quer fora de tempo, uma maneira que um grupo de espertinhos achou de ganhar dinheiro fácil, notadamente nas cidades do interior, explorando as prefeituras, mas com apoio dos prefeitos, que deveriam pensar muito mais nos problemas enraizados na nossa terra, que dizem respeito à educação, saúde e segurança, principalmente. Achei louvável a atitude do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, aqui em Pernambuco, no grande Recife, de cancelar as festividades oficiais na cidade que governa, justamente para dar prioridade aos setores mais carentes. Quando me lembro da queima de fogos no Natal chego a me arrepiar de raiva. O pior é que as autoridades brasileiras não têm qualquer sensibilidade para com os mais necessitados. Melhor dizendo: Este país não é sério e não tem jeito.
 
Regras:
Oitavas de sete sílabas poéticas
Rimas em ABABCDCD
Elisão optativa
 
 
CORDEL – Pois hoje é dia do frevo – 09.02.2015
 
Eu nem sabia meu povo
Que o frevo tivesse dia
Peço desculpas de novo
Por coisa que não sabia
Foi que ouvi bem cedinho
A notícia com relevo
Vamos pular com carinho
Pois hoje é dia do frevo
(2)
São cento e vinte e oito anos
Aqui no nosso Recife
Que nos carnavais mundanos
Tocamos nosso cacife
Seja de noite ou de dia
Pra duvidar não me atrevo
Vamos cair na folia
Pois hoje é dia do frevo
(3)
Saudade do bom Capiba (compositor)
 Nelson Ferreira também
Cada qual com sua escriba
Compunham como ninguém
Que fosse frevo ou marchinha
Mas sempre com muito enlevo
Mas na mensagem continha
Pois hoje é dia do frevo
(4)
Esses eram os maiores
Mas havia em abundância
Duda também dos melhores
Com toda sua elegância
Oba maestro porreta
Abafava com desejo
Ao dominar a vareta
Pois hoje é dia do frevo
(5)
No Rio domina o samba
Na Bahia tem axé
Terras de gente bamba
Com cada ritmo no pé
O que digo aqui é fato
Falo com muito sobejo
Não queira me achar um chato
Pois hoje é dia do frevo
(6)
Na verdade o carnaval
Aos poucos vai piorando
Tem violência carnal
Pra brincar só arriscando
Tem assalto, tem arrastão,
É o que sempre prevejo
Mas sofre o nosso povão
Pois hoje é dia do frevo
(7)
Não foi aqui no Brasil
Que essa festa foi criada
Vem antes do pastoril
Com a turma envenenada
Muita cana na cabeça
Desde o tempo medievo
Por incrível que pareça
Pois hoje é dia do frevo
(8)
No presente carnaval
Máscaras vão dominar
Somente aquelas do mal
Dos que gostam de roubar
Como foi na PETROBRAS
Quando a turma do malevo
Sugou até por demais
Pois hoje é dia do frevo
(9)
Eu não quero acreditar
Onde está tanto dinheiro
A empresa vai quebrar
Por causa de companheiro
Mas não quero me meter
Quando quero me esbravejo
Bom que devemos saber
Pois hoje é dia do frevo
(10)
Escândalo dessa monta
Devia parar recessos
Senão a turma se apronta
Anulando seus processos
Ou apagando a memória
Do computador, um servo,
Isso vai ficar na história
Pois hoje é dia do frevo
(11)
Isso é dança do diabo
Do danado do capeta
Daquele que tem um rabo
Fazendo qualquer mutreta
Mais ligeira que um raio
A pular eu não me vejo
Não sou chegado a desmaio
Pois hoje é dia do frevo
(12)
Descende da capoeira
Praticada na Bahia
Uma bela brincadeira
Que se dança todo dia
Até no meio da rua
Mesmo até em azulejo
A verdade nua e crua
Pois hoje é dia do frevo
(13)
Eu prefiro mesmo o samba
Com a sua malandragem
Com a corda e com caçamba
E muita libertinagem
No requebro da morena
Na cana com caranguejo
Vou naquela cantilena
Pois hoje é dia do frevo
(14)
Mas o bumbum da sambista
Balança tal brincadeira
Porque ela sendo artista
Remexe sem dar bobeira
Atiçando todo mundo
Não sei se falo ou se devo
É quando eu entro profundo
Pois hoje é dia do frevo
(15)
E depois na passarela
Pulando que nem jumento
Quem morrer tem uma vela
Queimando no firmamento
Mas no fim do carnaval
O que falar eu escrevo
Nunca me levem a mal
Pois hoje é dia do frevo
 
 
 
Ansilgus

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Enviado por ansilgus em 09/02/2015
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