O tubarão comedor de galinhas
I
Eu vou contar pra vocês
Um caso que aconteceu
O sujeito dessa estória
Infelizmente morreu
Mas, se alguém duvidar,
E precisar comprovar
A testemunha fui eu
II
Meu amigo Vanderlino
Matuto de Alagoinha
Tinha umas criações
Lá na sua fazendinha
Mas tava meio cabreiro
Porque lá no seu terreiro
Tava sumindo galinha
III
Ele andou investigando
Fazendo observação
Não descobriu nenhum rastro
Não viu pena pelo chão
Concluiu com a esposa
Que não era, nem raposa
E muito menos ladrão
IV
Começou a tocaiar
Passava a noite acordado
Depois de uma semana
Já se sentindo enfadado
Tentou outra solução
E do sítio do irmão
Trouxe um cachorro emprestado
V
Amarrou o vira-lata
Bem pertinho do poleiro
Preparou a espingarda
Deixou perto um candeeiro
Se alguma coisa surgisse
Quando o cachorro latisse
Correria pra o terreiro
VI
Acordou de madrugada
Com o cachorro ganindo
Pulou ligeiro da cama
Quando a porta foi abrindo
O que viu na escuridão
Parecia um tubarão
O vira-lata engolindo
VII
Piscou os olhos três vezes
Pois não tava acreditando
Beliscou uma bochecha
Pra ver se estava sonhado
Quando voltou a olhar
Viu no brilho do luar
Que era um tubarão voando
VIII
Ficou lá paralisado
Sem nenhuma reação
Quando por fim se lembrou
Da espingarda na mão
O alvo estava distante
E naquele mesmo instante
Perdeu-se na escuridão
IX
A mulher chegou correndo
Quando parou ao seu lado
Ele disse – “Minha Véia”
Não tô sonhando acordado
O que acabei de ver
Se eu contar tu vais dizer
Que eu devo ter endoidado
X
- Quando o cachorro ganiu
Corri a todo vapor
Chegando a tempo de ver
Um tubarão voador
Que engoliu o cachorro
Confesso que quase morro
Tomado pelo pavor
XI
- Tu deixas de brincadeira
Fala com seriedade
O que foi que se passou?
Me digas por caridade
Eu estou apavorada
Acordei com a zoada
Por favor, conta a verdade
XII
O coitado então contou
A estória novamente
Dez vezes a repetiu
De forma tão convincente
Até ela concordar
O terreiro vigiar
Com ele, dali pra frente
XIII
E assim se revezavam
Cada noite um vigiava
Depois de uma semana
Ela ainda duvidava
Quando o bicho apareceu
Outra galinha comeu
- Ela agora acreditava
XIV
A mulher de Vanderlino
Que era minha cunhada
Telefonou pra irmã
Que comigo era casada
E contou com a voz tremendo
O que estava acontecendo
E que estava apavorada
XV
Foi aí que eu entrei
Nessa estória interessante
Pois eu guardava um segredo
Algo tão extravagante
Porque se fosse contar
Ninguém ia acreditar
Era um estresse constante
XVI
Quando eu morava em Recife
Vi no mar um furacão
Formando um imenso tubo
Que sugou um tubarão
Quando o lançou no espaço
Ele planou um pedaço
E sumiu na imensidão
XVII
Quando soube da estória
Eu fiz logo a dedução
Era muita coincidência
Eu não tinha dúvida não
O peixe de Alagoinha
O comedor da galinha
Era o mesmo tubarão
XVIII
Viajei pra Alagoinha
Para comprovar o fato
Fui procurar Vanderlino
E com ele fiz um trato
E com redes e forquilhas
Botamos as armadilhas
Camufladas pelo mato
XIX
A segunda providência
Foi desmanchar o poleiro
E pra trancar as galinhas
Fizemos um galinheiro
E seguindo o plano à risca
Botamos umas de isca
Para atraí-lo primeiro
XX
Quando o tubarão voltou
E não viu mais o poleiro
Deu uma queda de asa
Farejando o galinheiro
Mas quando ia voltando
Viu uma “isca” cantando
E deu um bote certeiro
XXI
Quando pegou a galinha
Na rede se enroscou
Um dardo tranquilizante
Vanderlino disparou
Da vitória estava certo
Mas quando chegou mais perto
O tubarão atacou
XXII
Eu corri para ajudar
Mas não pude fazer nada
Vanderlino estava morto
Com a cabeça decepada
Disparei no mesmo instante
Um outro tranquilizante
Na fera desesperada
XXIII
Quando o bicho enfim dormiu
Deixei-o bem amarrado
Viajei até Pesqueira
Pra dar queixa ao delegado
Que lavrou a ocorrência
Mas foi fazer diligência
Pois não tinha acreditado
XXIV
Quando a noticia correu
Ajuntou uma multidão
O peixe, a essa altura
Estava num caminhão
Cercado por uma escolta
Pra ser levado de volta
Pra o mar em Jaboatão
XXV
A Rede Globo mandou
Para lá um jornalista
Blogs, jornais e TV
Pra todos dei entrevista
Explicar como é possível
Um caso assim tão incrível
É coisa pra cientista
XXVI
Pra todos eu expliquei
Que é possível um furacão
Passando em águas profundas
Aspirar um tubarão
Já a água armazenada
Numa nuvem estacionada
Foi pra ele a salvação
XXVII
Todas as nuvens do céu
Se deslocam lentamente
Com essa do tubarão
Também não foi diferente
Uma corrente de vento
Botou-a em movimento
Numa massa de ar quente
XXVIII
Ela foi do litoral
Em direção ao Sertão
Com temperatura alta
Não houve condensação
Ela seguiu essa linha
Parando em Alagoinha
Quando ainda era verão
XXIX
Toda espécie de animal
Convive com mutações
Tentando se adaptar
A novas situações
Foi assim com o tucano
É assim o Ser Humano
E também os tubarões
XXX
Nesse caso as barbatanas
Em asas se transformaram
Seus hábitos alimentares
Aos poucos também mudaram
Hoje talvez seja onívoro
Ou apenas um carnívoro
Segundo me informaram
XXXI
Quando ele saiu do mar
Deixou de comer sardinha
E para sobreviver
Ali em Alagoinha
Como lá não tem turista
Não tem praia, nem surfista
Teve que comer galinha
XXXII
Essa estória fabulosa
Agora chegou ao fim
Se algum desconfiado
Vier duvidar de mim
Com dizia Chicó
Eu direi para o bocó:
“Eu só sei que foi assim”
I
Eu vou contar pra vocês
Um caso que aconteceu
O sujeito dessa estória
Infelizmente morreu
Mas, se alguém duvidar,
E precisar comprovar
A testemunha fui eu
II
Meu amigo Vanderlino
Matuto de Alagoinha
Tinha umas criações
Lá na sua fazendinha
Mas tava meio cabreiro
Porque lá no seu terreiro
Tava sumindo galinha
III
Ele andou investigando
Fazendo observação
Não descobriu nenhum rastro
Não viu pena pelo chão
Concluiu com a esposa
Que não era, nem raposa
E muito menos ladrão
IV
Começou a tocaiar
Passava a noite acordado
Depois de uma semana
Já se sentindo enfadado
Tentou outra solução
E do sítio do irmão
Trouxe um cachorro emprestado
V
Amarrou o vira-lata
Bem pertinho do poleiro
Preparou a espingarda
Deixou perto um candeeiro
Se alguma coisa surgisse
Quando o cachorro latisse
Correria pra o terreiro
VI
Acordou de madrugada
Com o cachorro ganindo
Pulou ligeiro da cama
Quando a porta foi abrindo
O que viu na escuridão
Parecia um tubarão
O vira-lata engolindo
VII
Piscou os olhos três vezes
Pois não tava acreditando
Beliscou uma bochecha
Pra ver se estava sonhado
Quando voltou a olhar
Viu no brilho do luar
Que era um tubarão voando
VIII
Ficou lá paralisado
Sem nenhuma reação
Quando por fim se lembrou
Da espingarda na mão
O alvo estava distante
E naquele mesmo instante
Perdeu-se na escuridão
IX
A mulher chegou correndo
Quando parou ao seu lado
Ele disse – “Minha Véia”
Não tô sonhando acordado
O que acabei de ver
Se eu contar tu vais dizer
Que eu devo ter endoidado
X
- Quando o cachorro ganiu
Corri a todo vapor
Chegando a tempo de ver
Um tubarão voador
Que engoliu o cachorro
Confesso que quase morro
Tomado pelo pavor
XI
- Tu deixas de brincadeira
Fala com seriedade
O que foi que se passou?
Me digas por caridade
Eu estou apavorada
Acordei com a zoada
Por favor, conta a verdade
XII
O coitado então contou
A estória novamente
Dez vezes a repetiu
De forma tão convincente
Até ela concordar
O terreiro vigiar
Com ele, dali pra frente
XIII
E assim se revezavam
Cada noite um vigiava
Depois de uma semana
Ela ainda duvidava
Quando o bicho apareceu
Outra galinha comeu
- Ela agora acreditava
XIV
A mulher de Vanderlino
Que era minha cunhada
Telefonou pra irmã
Que comigo era casada
E contou com a voz tremendo
O que estava acontecendo
E que estava apavorada
XV
Foi aí que eu entrei
Nessa estória interessante
Pois eu guardava um segredo
Algo tão extravagante
Porque se fosse contar
Ninguém ia acreditar
Era um estresse constante
XVI
Quando eu morava em Recife
Vi no mar um furacão
Formando um imenso tubo
Que sugou um tubarão
Quando o lançou no espaço
Ele planou um pedaço
E sumiu na imensidão
XVII
Quando soube da estória
Eu fiz logo a dedução
Era muita coincidência
Eu não tinha dúvida não
O peixe de Alagoinha
O comedor da galinha
Era o mesmo tubarão
XVIII
Viajei pra Alagoinha
Para comprovar o fato
Fui procurar Vanderlino
E com ele fiz um trato
E com redes e forquilhas
Botamos as armadilhas
Camufladas pelo mato
XIX
A segunda providência
Foi desmanchar o poleiro
E pra trancar as galinhas
Fizemos um galinheiro
E seguindo o plano à risca
Botamos umas de isca
Para atraí-lo primeiro
XX
Quando o tubarão voltou
E não viu mais o poleiro
Deu uma queda de asa
Farejando o galinheiro
Mas quando ia voltando
Viu uma “isca” cantando
E deu um bote certeiro
XXI
Quando pegou a galinha
Na rede se enroscou
Um dardo tranquilizante
Vanderlino disparou
Da vitória estava certo
Mas quando chegou mais perto
O tubarão atacou
XXII
Eu corri para ajudar
Mas não pude fazer nada
Vanderlino estava morto
Com a cabeça decepada
Disparei no mesmo instante
Um outro tranquilizante
Na fera desesperada
XXIII
Quando o bicho enfim dormiu
Deixei-o bem amarrado
Viajei até Pesqueira
Pra dar queixa ao delegado
Que lavrou a ocorrência
Mas foi fazer diligência
Pois não tinha acreditado
XXIV
Quando a noticia correu
Ajuntou uma multidão
O peixe, a essa altura
Estava num caminhão
Cercado por uma escolta
Pra ser levado de volta
Pra o mar em Jaboatão
XXV
A Rede Globo mandou
Para lá um jornalista
Blogs, jornais e TV
Pra todos dei entrevista
Explicar como é possível
Um caso assim tão incrível
É coisa pra cientista
XXVI
Pra todos eu expliquei
Que é possível um furacão
Passando em águas profundas
Aspirar um tubarão
Já a água armazenada
Numa nuvem estacionada
Foi pra ele a salvação
XXVII
Todas as nuvens do céu
Se deslocam lentamente
Com essa do tubarão
Também não foi diferente
Uma corrente de vento
Botou-a em movimento
Numa massa de ar quente
XXVIII
Ela foi do litoral
Em direção ao Sertão
Com temperatura alta
Não houve condensação
Ela seguiu essa linha
Parando em Alagoinha
Quando ainda era verão
XXIX
Toda espécie de animal
Convive com mutações
Tentando se adaptar
A novas situações
Foi assim com o tucano
É assim o Ser Humano
E também os tubarões
XXX
Nesse caso as barbatanas
Em asas se transformaram
Seus hábitos alimentares
Aos poucos também mudaram
Hoje talvez seja onívoro
Ou apenas um carnívoro
Segundo me informaram
XXXI
Quando ele saiu do mar
Deixou de comer sardinha
E para sobreviver
Ali em Alagoinha
Como lá não tem turista
Não tem praia, nem surfista
Teve que comer galinha
XXXII
Essa estória fabulosa
Agora chegou ao fim
Se algum desconfiado
Vier duvidar de mim
Com dizia Chicó
Eu direi para o bocó:
“Eu só sei que foi assim”