O HOMEM BRUTO

O HOMEM BRUTO 01

Seu Raimundo Valente Faria

Um senhor de meia idade

Trabalha como vigia

Num prédio da cidade

Quem sofria perto dele

Ele logo ia ajudar

Muito prestativo e honesto,

Sujeito simples e singular.

Vivia cantando modinhas

Com um vozeirão de lascar

Cantava música antiga

Ajudando o tempo passar

Não tinha vergonha nem medo

De quando a letra errar

Pois sabia que do seu jeito

Todo mundo ia agradar. .

Tinha um jeito bem quieto

Parecia um ancião

Porém não bula com ele

Pra não arrumar confusão

Bastava passar um bêbado

Pela rua a andar

Cabra lhe meto uma bala

Se aqui parar pra mijar.

02

Comia feito um cavalo

Não tinha restrição

Comia numa panela

Depois deitava no chão

Dizia que servia

Para a comida descer

Peidava feito um jumento

Pra barriga não crescer.

Feijão com muita pimenta

É o que ele mais gosta

É assim que ele se alimenta

Que é comida que faz bosta

Picado com arroz

Tem que ser bem quente

Daqueles que queima a língua

Mas deixa o cabra contente.

Dois pacotes de creme craque

Uma bandinha de mamão

Meia lata de doce

De goiabada cascão

Isso era só um aperitivo

Para a tarde começar

Com a barriga vazia

Não dá nem trabalhar.

03

Ele tinha um vira-lata

Brabo feito o cão

Tinha o nome de Badroc

Fazendo uma alusão

A um artista de cinema

De teatro e televisão

Que só atirava na cabeça

Ou se não no coração.

Ele dizia uma frase

Que era bem particular

Pra espantar o sujeito

Que passava no lugar

Pa trai, pa trai, pa trai

Gritava feito um trovão

Quem tem juízo corre

Que lá vai bala nos cuião.

Era tão bruto e ignorante

Parecia seu Mandurim

Fazia a barba sem espelho

E quem quiser que ache ruim

Não usava sabonete

Nem creme de barbear

Passava a gilete seca

Até o sangue espirra.

04

Analfabeto iletrado

Banguela do cabelão

Falava tudo errado

Mas não perdia a razão

Dizia que era pobre

Que não tinha um torrão

Emprestava dinheiro a juro

E não perdia um tostão.

Matuto sabido assim

Só conheci o Camões

Um dia falando pra mim

Que humilhava os campeões

No jogo de xadrez

Todo mundo era freguês

Podia aguardar a vez

Que ganhava só com os peões.

Mas agora o que é certo

Vou te falar com razão

Não olhe muito de perto

Pra num perder a visão

Já diria Caetano

De perto ninguém é normal

Comparando o ser humano

Como seu Raimundo não tem igual. M. C. MEIRA 17/09/2014.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 01/10/2014
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