Tropeiros no Brasil
Amigos, este texto é uma singela homenagem aos bravos tropeiros que ajudaram a fazer o País que temos.
Uma tropa na estrada
Um tropeiro logo atrás
Uma mula enfeitada
Seguida por outras mais
Uma jornada pesada
Sem registro nos anais.
Quase nada é registrado
Da saga desses valentes
Quase nunca são lembrados
Poucos os sobreviventes
Merecem ser respeitados
Mesmo se de nos ausentes.
A sua faina começa
Em geral de madrugada
O cansaço não confessa
Sabe que a carga é pesada
Se um animal tropeça
Atrapalha a caminhada.
Ele sabe que trabalha
Pra cumprir o prometido
Faz transporte na cangalha
Feita de couro curtido
O frio não atrapalha
Mesmo se desprevenido.
Ele aperta a sobrecarga
Com tolete de madeira
Para não perder a carga
Prende com a barrigueira
Pra começar a descarga
Chama a mula primeira.
Treina a mula de guia
Para a tropa guiar
Mula de coice confia
O seu almoço levar
Caminha todo o dia
Até a noite chegar.
Em geral anda descalço
Usa um chapéu de palha
Do burro sai ao encalço
Se derrubar a cangalha
Depois vai fazer nó falso
Para amarrar a tralha.
Um tropeiro na estrada
É sinal de companhia
Ele segue a caminhada
Falando com alegria
Sobre aquela encruzilhada
Com macumba todo dia.
Pra mudar o seu caminho
Grita pra mula de guia
Que entende rapidinho
Que o caminho que seguia
Não é mais o seu caminho
Então segue noutra via.
Quando erra a direção
O tropeiro dá um grito
A tropa pára e então
Aparece algum agito
Em seguida, com a mão,
Ele indica o sentido.
O tropeiro faz rabicho
Faz cabresto e sobrecarga
Nunca tem medo de bicho
Usa uma correia larga
Se há muito carrapicho
Ele arria toda a carga.
Se precisar do patrão
Ele diz com antecedência
Aprendeu na profissão
Ter bastante paciência
Ele sabe de antemão
Qual será a exigência.
Quando vai para cidade
Leva a carga do patrão
Na volta tem liberdade
Pra levar pro cidadão
Cuja carga, na verdade,
Chegou dentro de um vagão.
Ele vai à estação
Para a carga preparar
Faz a sua amarração
Para a tropa não parar
Depois faz uma oração
Põe a tropa para andar.
Toda tropa tem um dono
Que nem sempre é o tropeiro
Esse perdia o sono
Por causa do fazendeiro
Que o deixava em abandono
Mas queria o seu primeiro.
Não existe mais tropeiro
Hoje existe caminhão
Quem dirige é estradeiro
Que transporta a solidão
Se existe o fazendeiro
Não existe a tradição.
O tropeiro, no Brasil,
Vive hoje na lembrança
Alguém há que nunca o viu
Tamanha foi a mudança
Mesmo quem somente ouviu
Sabe da sua importância.