Peão de rodeio.

Amigos do Recanto, este texto é uma tentativa de homenagear os valentes peões de rodeio que muitas vezes perdem a batalha que travam com os touros que montam às vezes saindo feridos.

Para ser um bom peão

Poder frequentar rodeio

É preciso ter à mão

Montaria, rédea e freio

E também disposição

Pra cair sem fazer feio.

Necessário o equilíbrio

Seja na sela ou arreio

Também ser alguém de brio

Não pegar o bem alheio

Tomar banho, mesmo frio,

Pra manter um bom asseio.

Necessário a montaria

Pra ter com que montar

Ninguém lhe emprestaria

Cada um deve comprar

Cuidar dela todo dia

Pra muito tempo durar.

Rédea deve ser cuidada

Para não dar nó cigano

Pode ser fibra trançada

Mas não deve ser de pano

Melhor ficar esticada

Pra não sofrer algum dano.

Toda sela é vigiada

Como se fosse a fortuna

Daquela rapaziada

Que com rodeio acostuma

Na sela mais enfeitada

Em geral tem uma pluma.

Mas não é só fantasia

O Viver de um peão

Pra vencer o dia a dia

Em geral na solidão

Também sente a agonia

Quando não tem distração.

Seu caminho é enfrentar

O que chega pela frente

Se um boi ele montar

Corre o risco iminente

De o boi o derrubar

Quase imediatamente.

Quando cai vem o palhaço

Pra fazer o boi desviar

Mesmo com nervos de aço

Há perigo a enfrentar

Mesmo levantando o braço

Ele deve retornar.

Se a princesa do rodeio

Por acaso lhe sorrir

Ele vai tentar um meio

De saber aonde ir

Se por causa dele veio

Ele não pode cair.

O patrão não vai dizer

Que é pra ele desistir

Ele sabe o que fazer

No momento de cair

E também compreender

Quando é hora de partir.

Seu trabalho é temporário

Seu patrão é fazendeiro

Que desconta do salário

O que julga verdadeiro

Quase que de ordinário

Negar pagar em dinheiro.

O peão volta pra casa

Com a tralha que comprou

Sente que a vida atrasa

Montar nada adiantou

A tristeza lhe arrasa

Pensa ser um perdedor.

Quando ele abraça o filho

A mulher o repreende

Seu olhar perde o brilho

Mas à mulher compreende

E repete o estribilho:

Vou parar, vê se entende.

Mas no próximo rodeio

La está ele montando

Se sentir algum receio

Ele se engana cantando

Pra fugir do pisoteio

Ele cai e sai rolando.

Ele é alguém comum

Entretanto especial

Sempre que encontra algum

Maltratando um animal

Ele mostra ser mais um

Que não admite o mal.

Ser peão é ser valente

Ter coragem pra perder

E saber que de repente

Ele pode até morrer

Disso ele é consciente

Mas também tenta esquecer.

Nesse meu pobre rimar

Também eco do fracasso

Tentei homenagear

Sabendo que mal o faço

Mas assim tento abraçar

Os peões de freio e laço.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 02/08/2014
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