O CLAMOR DO SERTANEJO PELA LUA

Mergulha o sol no horizonte
Cinge de esplendor a natureza
A lua em sua fase minguante
Perde o encanto e a beleza
A tarde vai rápido caindo
A escuridão liberta seu mito
E o róseo boreal vai sumindo
Empalidece a franja do infinito

A noite vai puxando seu manto
Por milhões de estrelas bordado
O curiango começa seu canto
Aqui ali e acolá no cerrado
De luto a terra se veste
A brisa carregando o perfume
Roubado da flora silvestre

Das tocas saem os vaga-lumes
Ouvem-se os murmúrios do rio
Chorando ao som da cascata
Assanham as aves seus pios
A buscar seus ninhos na mata
O silencio e quietude se instala
O transe da terra é profundo
Os brejais seu bocejo exala
O fétido hálito do mundo

Levitando no cosmos a vagar
A terra flutua na imensidão
Como nau singrando o mar
Em meio às ondas da escuridão
Na sua rede o sertanejo chora
Ponteando seu violão
Porque a lua foi embora
Pergunta ao seu coração

Desafinado em triste toada
Os acordes do seu instrumento
Perdido no meio do nada
Ele divaga com o pensamento
A contemplar o céu estrelado
Clamando pela ausência do luar
Adormece pouco inspirado
E põe-se com a lua a sonhar!
 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 14/05/2014
Reeditado em 14/05/2014
Código do texto: T4806387
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