beijo plural
a mulher do quitandeiro
me chamou pra Portugal
ia no trem da Central
mas se tivesse dinheiro
era o mês de fevereiro
mês que dá muita saudade
a gente faz à vontade
tudo que se adivinha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade
foi num forte aguaceiro
que perdi o meu sapato
fujo pra dentro do mato
água parece um chuveiro
acho um bote maneiro
remo com o João Monlevade
que apesar da idade
mostrou a força que tinha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade
a tristeza do canário
dá o canto mais bonito
todo homem morre aflito
mas não faz seu inventário
o indivíduo salafrário
se apura na maldade
não conhece a hombridade
nunca foi sua vizinha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade
o tempero da comida
é que dá o paladar
nem precisava casar
moça que teve guarida
o que importa na vida
é nunca ter vaidade
eu acho toda verdade
a mais bonita que a minha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade
já tive um barco maneiro
mas pescador nunca fui
nunca pesquei como o Rui
nunca fui bom marinheiro
mas também do trambiqueiro
nunca tive a qualidade
vou de cidade em cidade
sempre a mais escondidinha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade
qualquer menina é um doce
doce que é feito de amor
fruta que não tem sabor
não adianta a que fosse
o beijo que eu te trouxe
é o da pluralidade
mas tem a capacidade
de te deixar molhadinha
se não houver a rainha
o rei não tem majestade