GAVIÃO CARÇUDO

Ás margens da rodovia do café,

Na cidade de ortigueira,

Nascia na vila gomes um piá franzino,

Com cara de capoeira,

Crescia campeando no mato,

Fazendo arte, de toda maneira,

Corria capinzal afora,

Com medo da marmeleira.

Seus pais eram roceiros,

Tarimbados na moleira,

Criaram todos os filhos,

Numa casa de madeira.

Sua educação foi severa,

Devido a sua forma arteira.

Crescia levado a breca,

Tocando viola campeira.

Sua essência te fez sensível,

Sempre levou na brincadeira,

Cantou Telemaco Borba afora,

As modas de paixão certeira.

Seu nome pegou fama,

Sua voz se tornou altaneira,

Cantando o amor chorado,

Em rasqueado e até rancheira.

Casou-se com uma morena,

De sangue bom e matreira,

Procriaram filhas lindas,

Como flores de roseira.

Seu carinhoso apelido,

Não veio de uma besteira,

Veio de sua própria mãe querida,

Que lhe trouxe na coleira,

Usava calça de saco,

Esvaziada da farinheira,

Passou a ser gavião carçudo,

Querido de toda Ortigueira...

Agora temos a saga do Zé Gavião,

Com retrato na cantoneira,

Encha o copo até a boca,

Vamos brindar a saideira......