O RIO DE MINHA ALDEIA
Por velhas trilhas eu peregrino
Volto no tempo, a devanear
Torno-me de novo menino
Mergulho no passado a recordar
O perfume e sabores de minha aldeia
Saudade no meu peito permeia
Ah como agora eu queria
Ser um mágico e ter talento
O dom do poder e a magia
Votaria eu, neste momento
Retroagindo os ponteiros da vida
Estaria junto à minha mãe querida
Para acabar com o ciúme
Que o sereno tinha da brisa
Eu abriria a janela da alma
Deixando entrar o perfume
Que ela com maestria e calma
Roubava das flores e brindava-me
Como eu queria minha infância
De novo correr com amigos
Alimentando a mesma esperança
As margens do rio picão
Que no tempo desliza comigo
E mora no meu coração
Caudaloso a saciar a sede
Ele vai manando as vazantes
Enchendo de peixe as redes
Tão belo como fora antes
Outro mais belo não vejo
Supera o Nilo e até Tejo
Na fé que me conduz
Só há um de maior valor
Cujas águas batizaram Jesus
O messias nosso salvador
Somente o rio Jordão
Supera meu ídolo...Rio Picão
Em suas margens eu corri
Neste vale de rara beleza
Mesopotâmia onde eu nasci
Consagrado pela mãe natureza
Com garças brancas...Flamingos e paturis
Ilustrando suas barrancas!