OS GUERREIROS CANGACEIROS 2ª parte. A peleja continua

E por aqueles caminhos,

Em poucos minutos sumia,

Quebrando cipó no peito,

Saltando rios e cisternas,

Os tiros das espingardas

Passavam roçando as pernas.

Rastejava ligeirinho

Livrando do tiroteio,

Apavorados e assustados,

Arrepiavam até os pelos,

Resmungava e soluçavam

A tudo pedia apelo

Chorava tal quais as moças,

Na hora no pesadelo,

Era homem só no nome,

Uns frouxos pedindo arrego,

Não se pode imaginar

Os tamanhos dos marmanjos,

Com patente de sargento

Fraquejando nesta hora,

Não defenderam o povo,

No momento vexatório

Estavam fazendo feio,

Os boiolas avergonhados

Correram dos cangaceiros,

Uns machos pela metade,

Só faltava vestir saias,

Estes colunas do meio.

Gritavam desesperados

Na hora da correria;

Valha-me nossa senhora,

Acode-me santa Luzia

Se for de sua vontade

Quero continuar vivendo

Nem que sejam mais uns anos

Ou que sejam mais um dia.

Depois de tantas clemências

E tantas orações

A santa se aborreceu,

Sem avaliar seus pedidos

Por Jesus ela atendeu

Livrando os cabras da morte,

Pelo amor do filho seu.

Agora só o que restaram,

Era ir embora pra casas,

Os cabras de lampião

Haviam desistido da caça

Os pedidos de oração

Tocaram lhe o coração

E a mando de santa Luzia

A padroeira do sertão

Os soldados da captura

Foram livres do perigo

E logo correram pra casa

Buscando o melhor abrigo.

Estes soldados frangotes em

Situação vergonhosa,

Com as roupas cheirando mal

Quando chegaram á casa

Difícil foi explicar,

Não adiantava mentir

Suas esposas sabia

De tudo destas atitudes covardes

Que aconteceu na àquela hora

No arraia, na aquele dia.

Depois de levarem esculacho

Estes soldados capachos

Sem querer e não queria

Levaram um grande deboche

De tamanha zombaria

As mulheres destes brochas

Ficaram aborrecidas,

Do fato acontecido,

Cientes do prejuízo

De ter como marido,

Estes homens recatados.

Diziam e repetiam,

Com palavras de efeito,

Chamava de todo nome,

Sem medir os palavreados,

Estes cabras não são macho,

Parecem uns catingueiros

Que vivem lá no roçado.

Cabritinhos do cerrado

Que tem o casco rachado,

Que serve a todo o mundo,

Com o nome de veado.

Estes maricas assanhados

Não vale o feijão que come,

Que sujeitos sem ação

Se borram de tanto medo

Das volantes de lampião.

Antonio Herrero Portilho.

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 10/04/2013
Reeditado em 10/04/2013
Código do texto: T4232936
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