REFLEXOS DA MINHA INFÂNCIA
No alto de uma colina uma casinha singela
Paredes de chão batido com argila amarela
Com madeiras descascadas amarrada de cipó
Donde o gorjear de passarinhos entrava pela janela
Juritis codorninhas canarinhos e curiós
E o som do ingazeiro rangendo no ventre da mata
Dos regatos rolando pedras, vinham múrmuros de cascata
Meu pequeno paraíso desenhado pelo criador
Tudo ali era magia o manto verde da natureza
A brisa carregando amor no seu papel de cupido
Levando o pólen silvestre suave com sutileza
Fecundando a plantação no fértil campo florido
O milagre da multiplicação que por Deus foi concedido
Ao homem que lavrava o chão e tirava dele o pão
Foi nesta paisagem encantada que vi as nuvens chorar
Saciando a sede da terra para as sementes germinar
Ajoelhando a rebentar o chão sempre a evaporar
Repetia a mesma missão formando seu branco véu
Se transformando em nuvens novamente subindo ao céu
Com o aquecimento do sol tudo e a lua a testemunhar
Preparando-se novas lágrimas voltando a terra irrigar
Tudo isso ficou... Conto de fada sonho encantado
Ilusão fantasia apenas sobrou... Um reflexo espelhado
De quando menino feliz, mas nada sabia; é meu passado
Como onda, lembranças indo vindo na alma e no coração
Nostalgias que vem e vão pelas trilhas da recordação
O tempo... A utopia a vivencia com ou sem atitudes
Nada mais restou infância adolescência e juventude!
(Dedico ao meu amigo poeta pernambucano da nata Carlos Carcel)