A SAGA DO FILHO TREZE

A SAGA DO FILHO TREZE

(autobiografia)

I

Nesse cordel, prezados leitores,

Do número treze eu vou falar

Provando que ele representa

Para algumas pessoas o azar

Sou o décimo terceiro filho

E quero assim me apresentar

Não conheci nem meus avós

Pois demorei muito a chegar!

II

Meu pai treze anos mais velho

Quando com mamãe se casou

E já possuía três outras filhas

Com a esposa que Deus levou

Com mamãe vieram mais dez

Com esse caçula que chegou

Pra completar a grande prole

E honrar o nome que herdou!

III

Tenho dois emes no meu nome

Mas isso não mudou os planos

Sou mais velho que a esposa

Também por mais treze anos

O número da minha residência

Não me causou quaisquer danos

Quatrocentos e dezoito somados

Dá treze, sem cometer enganos!

IV

Quando eu nasci nesse mundo

De enxoval eu não tinha nada

Usei as toucas de uma boneca

E minha roupa era emprestada

Acho até que eu vim a mais...

Foi surpresa a minha chegada

Mas ser filho desses meus pais

É orgulho e muito me agrada!

V

A minha vida foi muito difícil

Fui um garoto franzino e doente

Entrei pra escola só aos 9 anos

Fui teimoso e até persistente

Conclui o quarto ano escolar

Esse foi um grande presente

Que o meu pai pôde me dar

Além do seu caráter decente!

VI

Pra conquistar o meu espaço

Não tive nenhuma facilidade

Sendo último e número treze

E órfão aos 12 anos de idade

Sem pai e irmão mais novo

Também enfrentei maldade!

Fui vítima de abuso sexual

Mas não perdi a dignidade!

VII

Perdi infância e adolescência

Para trabalhar como bóia fria,

Eu e a mamãe lutamos juntos,

Na busca do pão de cada dia

Enfrentávamos as madrugadas

Só miséria em nossa porta batia...

Era muito difícil a nossa rotina

E por isso estudar eu não podia!

VIII

Para mim jamais houve moleza

E eu fui sempre muito dedicado

Tendo que deixar de ir à escola

O meu sonho ficou então adiado

Mas eu encontrei a porta aberta

Na casa do Biroli, o meu cunhado

Que me acolheu com todo carinho

De um homem bom e predestinado...

IX

E hoje com todo orgulho e alegria

Sou esse homem quase vencedor

Porque essa tão sonhada felicidade

Dela não fui ainda um conquistador

Construí meu lar e até uma família

E também sou um poeta e escritor

Espero que o bom Deus algum dia

Que me faça ser do céu merecedor!

X

Foram pouquíssimas oportunidades

Mas as chances que eu tive agarrei

Não pude porém, ao menos escolher

Todos esses caminhos que já trilhei

Dos vícios que também tive na vida

De quase todos eles, já me livrei...

Carrego hoje, uma cruz bem pesada

Pelos deslizes que nunca pratiquei!

XI

Transformei-me num papai Noel

Para alimentar mais esperanças,

E nesse pequeno gesto de nobreza

Apago minhas tristes lembranças

Sem esquecer a infância de pobreza

Onde fui alvo de muitas cobranças

Preparo-me durante o ano inteiro,

Para fazer a alegria das crianças!

XII

Procuro ser alegre com as pessoas

Sem demonstrar o que sou na vida

Gosto de escrever belas mensagens

Pra esconder a minha alma sofrida

Da morte eu jamais vou ter medo

Porque só ando de cabeça erguida

Não tenho nenhum outro segredo

Para a minha história não ser lida!

XIII

Nesses anos, conquistei coisas boas

Por outras lutei e não pude conseguir

Nada me amedronta mais no mundo

Nem tampouco tira o direito de sorrir

Do que a falta de lealdade e a traição...

Que podem qualquer amizade destruir

Com treze estrofes termino meu cordel

Esperando ainda, treze amigos possuir!

autor: Mauro Máximo da Silva - membro da Aliança dos Literatos de Andradina

nota: A letra M é a número 13 do alfabeto

Mauro Máximo
Enviado por Mauro Máximo em 27/03/2013
Reeditado em 21/03/2015
Código do texto: T4210706
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.