O prigrino - interação da amiga Milla Pereira

PERIGRINA DA ISPERANÇA

Meu cumpádi, nessa vida,

Nóis têmu qui conformá

Cum as coisa acunticida

Qui num si pódi mudá

Deus nus deu a izistença

Temu qui tê paciença

Munta cárma, pra levá!

O tempu passa ligêru

Iscôa das nossas mão.

Da juventudi – u tempêru

Vai-se e num vórta não

Mai fica a ispiriênça

Pra cumpensá a osênça

De amô i afeição!

Nas idádi avançada

Dói tudo nus isqueletu

Num si tem folça pra nada

O futuro fica pretu

A genti ispera a mórti

Pois num vai mudá a sorti

Nem si carrega amuletu.

Nessa vida perigrina

Já passei uns mau bucadu

Foi meus tempu di minina

Munto tensu, atribuladu

Mai cunservu a identidadi

Sem mintira i farsidadi

Nessis caminhu traçadu.

Inquanto a mórti num vem

I ondi o oiá arcança.

Quero só fazê u bem

Sem mardádi nem cobrança

Quero ispaiá muntu amô

Pois ti cunfessu – eu sô

Perigrina da isperança!

*Dedicado ao meu mano querido, Maurilio, aos meus parceiros de cordéis: cumpádi Catulo Mocó(de Ribeirão Preto), ao amigo Airam Ribeiro(da Bahia) e cumpádi Pedrim Goltara( do Espirito Santo. SAudade de todos vocês, beijo grande!

Airam Ribeiro

Cunféço quisô pirigrino

Andano nessa vida afora

To cumprino o meu distino

Sem se percupá cum as ora

Sem tê o istreçamento

Eu vô viveno os momento

Cuncordano cum a sióra.

Quando lembro da mucidade

Qui o tempo ajudô cunsumi

Foi-se a minha filicidade

Das coisa qui tava a subí

Hoje eu vejo dispencado

Mina vida cabou-se um bucado

E pirigrino intão eu min vi.

A morte um dia vai xegá

Mais disprivinido nun vai min vê

É qui quando xegá a hora agá

Quéla falá tu vai morrê!

-Eu já istava li isperano

Dona morte vai entrano

Eu quero falá cum vosmicê.

Cuma é qui as coisa ta

Tem matado muita gente?

Foi bom a sióra xegá

Pois vô li dexá ciente

Dessa vez eu num posso ir

Pois vô ficá pur aqui

Devidi o tempo ta quente.

Da uma vorta lá ni Sun Pálo

Ou intão no Isprito Santo

A sióra nesse imbálo

Erro eu axo de canto

Pois nun tava no meu calendário

A sióra min levá nesse orário

Onde a vida eu amo tanto.

A sióra visitô Pedrinho

Catulo e Milla Pereira?

Dexa eu aqui no meu cantinho

Pois inda nun fiz a carneira

Eles tão quereno vê a sióra

Pur favô vai logo imbóra

Iantes que eles dê nas carrera.

Esse véio pirigrino

Qui já viu o tempo passá

Vévi sozin derna minino

Andano pra lá e pra cá

Fazeno rastro nas estrada

Xêia de terra pueirada

Sem sabê se vai xegá.

Cum três perna vô andano

In busca de nun sei o quê

Cum purrete vô iscorano

Bem divagá e sem corrê

Usano a minha sensatez

Inganei a morte uma vez

Mas só quela ta pra aparicê.

Pois quem de novo nun vai

De véi nóis só tem qui esperá

Mais aqui já fiz uns insai

De cuma outra vez a morte inganá

Inquanto de pé eu ta no xão

Ela nun min leva pro caxão

Eu pra ir inda vô custá.

Eu qui já infrentei furacão

Já vi o parmêra rebaxá

Já vi os pt em nossa nação

As coisa tudo avacaiá

Nun é uma mortinha quarqué

Qui vai dizê qui dia qui é

Qui ela vai min levá!

Essa minha valentia

Aprendi nas minha andança

Veno tanta anarquia

Min tirano as isperança

Na minha vida de pirigrino

É eu qui comando meu distino

Pois cum Deus fiz aliança.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 04/12/2012
Código do texto: T4019432
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