Desafio: Juciana e Umbelino

Mote: Eu sou a serpente que devora/Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Se eu pegar Juciana inspirada

Com seu verso fraquinho e bem insosso

Eu lhe quebro a naigada do pescoço

Sem ter dó, piedade e sem ter nada

Eu lhe deixo pra lá de arrasada

Bem pior do que faz um Zé Finim

Ela sonha que vai ganhar de mim

Mas meu verso é feito assim na hora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Umbelino pensa que é poeta

Só por que faz aqui um versinho

Ainda por cima bem pequenininho

Isso é coisa de um pobre pateta

É melhor que vá andar de bicicleta

Ou então vá declamar com guaxinim

Pois esse será o grande fim

Ou peça ajuda a nossa senhora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Só queria ter dó de Juciana

Mas eu tenho que ser homem machista

Vou fazendo de versos uma lista

Pra acabar de uma vez com sua fama

Inda vou ser um pouco até bacana

Lhe darei umas flores de Jasmim

Mas depois eu farei igual Caim

Aniquilo de vez essa caipora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Não é só por que eu sou uma mulher

Que eu seja mais ruim do que você

Para mim você sempre vai perder

Que seu verso é de um pobre ralher

Pois eu aquento o que vier

Por favor não queira mangar de mim

Que o ultimo que peguei deixei assim

No pé da serra apanhando de caipora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim.

UMBELINO

Você bate em qualquer da sua laia

Mas comigo tu cai em um engano

Vais saber o que é paraibano

Cabra forte que não foge da raia

Cantador que improvisa e ninguém vaia

Ou madeira que espanta até cupim

Eu lhe peço que deixe de pantim!!

Vá cuidar da cozinha sem demora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Umbelino só quer ser menestrel

Mais coitado perde ate pra uma mulher

Faz um verso do tamanho de um ralher

E depois sai dizendo que fez cordel

Eu me chamo Juciana Miguel

Poetisa sem ninguém ganhar de mim

Eu aposto que você não chega ao fim

Mais fique calmo deixe de tanta demora

Pois eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Poetisa que é boa não repete

Nem palavra, nem ponto, na estrofe

Se não queres que teu poema mofe

Dê licença, calada, e não se mete

Que comigo tu sofre e não compete

É melhor tu cuidar do seu latim

Se eu deflagro em você meu estopim

Nunca mais tu vai ver uma aurora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

É melhor que você tome cuidado

Ser poeta já está no meu destino

Eu não me comparo a Umbelino

Esse maluco, sem noção e mau criado

Vá puxar cultivador no roçado

Ser lavrador igualmente a Caim

Que você sempre irá lembrar de mim

Nas alturas, juro por nossa senhora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim.

UMBELINO

Poetisa fraquinha eu tenho pena

De pegá-la num dia abençoado

Disso sim você tem que ter cuidado

Disfarça o seu choro e sai de cena

O meu verso é medido até de trena

Se amedronte por ele ser assim

Se quiser apanhar tu pode vim

Sou pior que doença catapora

E também a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Umbelino declare que já perdeu

Pra a poetisa Juciana Miguel

E que eu sou bem melhor no cordel

E que veneno você ate já bebeu

Mais se você quiser posso eu

Te trazer para pertinho de mim

Para ser meu escravo, mais assim

Qual quer erro eu te meto na espora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Vá meter a espora em seus parentes

Que criaram você sem ter cuidado

Eu ainda visito o teu estado

Pra quebrar de uma vez esses teus dentes

Eu arraso quaisquer incompetentes

E arraso você, lhe pondo um fim

E depois vou beber no botequim

Faço uma farra medonha e venho embora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Umbelino deixe de falar besteira

Você não conhece quem mora no ceará

Ainda mais na cidade Quixadá

Terra que só tem gente guerreira

De Rachel de Queiroz eu sou herdeira

Seu talento poético está em mim

Sou Miguel, sou Queiroz e é assim

Que eu ganho de você toda hora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Eu acunho em você com toda força

Não respeito poetas consagrados

Não invoque a presença de finados

Antes que seu pescoço eu mesmo torça

Não vai ser essa tua voz de moça

Tão capaz de sujar o meu cetim

O teu verso é pior que culumim

Que faz raiva, biquinho, e depois chora

Mas eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

É melhor que saia do meu caminho

E que você nem tente mim ensinar

Por que eu nasci para ganhar

E não me engana sua cara de santinho

Você não terminou nem o cursinho

Por que está horrível o seu latim

Pois de versos eu tenho é um jardim

Quem mim escuta mim aplaude e comemora

Por que sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Uma Poetisa bem fraca com tu

Que repete as palavras que eu digo

Só merece uma semana de castigo

Abraçada em um mandacaru

Fazer sala à Satan e Belzebu

Tomar suco da planta que é NIM

Viver suja que nem um bacorim

Só porque em meu verso sempre escora

Mas eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

EU CONHEÇO A BOLIVIA A ARGENTINA

CANADÁ O CHILE O PARAGUAI

O PERÚ A COLOMBIA O URUGUAI

O EGITO A LIBIA E A PALESTINA

FIZ MORADA NAS ILHAS DAS MALVINA

FIZ TURISMO NA COSTA DO MARFIM

TOMEI VODICA COM BUDA EM MEDELIM

EM OBAMA BATI E VIM EMBORA

POR QUE SOU SERPENTE QUE DEVORA

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

E já eu fui pra Rússia Comunista

Arrasei espiões da KGB

Fiz Bin Laden com medo se esconder

E sumir de uma vez da nossa vista

Eu tracei de inimigos uma lista

Começando com Hitler e Delfim

E termina em você, pois tô afim

De botar de uma vez você pra fora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Eu sou a melhor cordelista

Já ganhei de Geraldo e Moacir

O meu verso e melhor que o de Valdir

Eu sou filha de um grande repentista

Em poesia eu sou especialista

Ganhei troféu em Quixeramobim

Você diz que vai ganhar de mim

Mais é melhor que da poesia fique fora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Já bati Trupizupi e Vila Nova

Numa noite em que estava inspirado

Louro Branco foi outro derrotado

Pra mostrar pra você só uma prova

Em Lisboa e Edmilson eu dei uma sova

Em Natal eu bati em Zé Bodim

Humilhei sem ter dó o Seu Joaquim

E a vez de apanhar é sua agora

Pois eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Eu já sei que você tá mim invejando

Mais inveja é coisa do Satanás

É melhor que vá estudar mais

Pois eu sei que você tá mim amando

Mais é melhor que vá se acostumando

Tenho nojo de quem vive em motim

Pois se quiser gostar de mim

Logo melhore a sua sonora

Que eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Juciana prepara a tua mala

Que é chegada a hora da decisão

Vai rezar tua ultima oração

Pois eu já preparei a tua vala

Se despede do povo e sai sala

Pois a morte te chama para o fim

Eu já vou preparando um boletim

Pra mostrar quem tu foste em outrora

E que eu sou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

Juciana

O nordeste conhece juciana

Por ser fera na briga do repente

Estou causando medo a muita gente

Já me chamam de cobra caninana

Eu que vim da touceira da banana

Armei bote em touceira de capim

Fiz morada nos pés de gergelim

Vem você me dizendo que me adora

Pois eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

UMBELINO

Eu encerro a cantiga desse mote

Exaltando com força a oponente

Mas destaco que a arte do repente

Não tem mestre, discípulo, ou sarcerdote

E pior que uma surra de chicote

Foi a surra que tu levou de mim

Seca as lágrimas e vai pro camarim

Dê o recado, correndo mundo afora

Que topou a serpente que devora

Poetisa que faz um verso ruim

JUCIANA

Eu não quero mais discutir com você

O povo sabe que eu sai ganhando

Mas notei que você tá mim amando

Só por que eu ganhei para valer

Meu amigo procure entender

Nunca perdi para poeta e sou sem fim

Pois a sua vitória voltou-se para mim

Já entendi que esse pobre me adora

Pois eu sou a serpente que devora

Cantador que fabrica verso ruim

Jozias Umbelino
Enviado por Jozias Umbelino em 23/11/2012
Reeditado em 15/12/2012
Código do texto: T4000854
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