Essa noite eu retalho o mundo inteiro Com a peixeira amolada do repente
Eita Deus! Que o poeta está virado
Mas eu peço que abaixe a sua crista
Vou fazendo de versos uma lista
Pra Bater no peão despreparado
Vou quebrar, um por um desmantelado
Pra mostrar que eu sou um cabra quente
Eu só canto com cabra que não mente
Inventando que foi rei do terreiro
Esta noite eu retalho o mundo inteiro
Com a peixeira amolada do repente
Hoje eu rasgo a barriga de quem vir
Vou matar um por um sem ter apelo
Minha arma qual tenho muito zêlo
É o cordel pra cantar e pra ouvir
Faço todos chorar, também sorrir
Deflagrando a angustia que se sente
O meu verso é pra cura de doente
E também pra matar qualquer brejeiro
Esta noite eu retalho o mundo inteiro
Com a peixeira amolada do repente
Hoje eu bato em poeta enfezado
E arrocho a goela do melhor
Faço o nobre cantor ser o pior
Pra cantar em um simples "Soleado"
O recurso é meu verso trabalhado
Que afrouxa o machão que é valente
A virtude é que eu sou inteligente
O orgulho é eu ser sempre o primeiro
Esta noite eu retalho o mundo inteiro
Com a peixeira amolada do repente
Eu queria ter dó desses poetas
Que versejam aqui neste espaço
Mas são ótimos os versos que eu faço
E ninguém conseguiu bater a meta
Só me trazem poemas de pateta
Nem sequer faz um verso consciente
Mas por mais que ter dó aqui eu tente
Eu arraso um por um desde o primeiro
Esta noite eu retalho o mundo inteiro
Com a peixeira amolada do repente