Essa noite eu retalho o mundo inteiro Com a peixeira amolada do repente

Eita Deus! Que o poeta está virado

Mas eu peço que abaixe a sua crista

Vou fazendo de versos uma lista

Pra Bater no peão despreparado

Vou quebrar, um por um desmantelado

Pra mostrar que eu sou um cabra quente

Eu só canto com cabra que não mente

Inventando que foi rei do terreiro

Esta noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente

Hoje eu rasgo a barriga de quem vir

Vou matar um por um sem ter apelo

Minha arma qual tenho muito zêlo

É o cordel pra cantar e pra ouvir

Faço todos chorar, também sorrir

Deflagrando a angustia que se sente

O meu verso é pra cura de doente

E também pra matar qualquer brejeiro

Esta noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente

Hoje eu bato em poeta enfezado

E arrocho a goela do melhor

Faço o nobre cantor ser o pior

Pra cantar em um simples "Soleado"

O recurso é meu verso trabalhado

Que afrouxa o machão que é valente

A virtude é que eu sou inteligente

O orgulho é eu ser sempre o primeiro

Esta noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente

Eu queria ter dó desses poetas

Que versejam aqui neste espaço

Mas são ótimos os versos que eu faço

E ninguém conseguiu bater a meta

Só me trazem poemas de pateta

Nem sequer faz um verso consciente

Mas por mais que ter dó aqui eu tente

Eu arraso um por um desde o primeiro

Esta noite eu retalho o mundo inteiro

Com a peixeira amolada do repente

Jozias Umbelino
Enviado por Jozias Umbelino em 31/10/2012
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T3961880
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.