O VELHO DO CASEBRE

Aquela desolação habitada pela tristeza

Cujo nome era pirraça a origem? ...Perguntei!

Pelo velho... Afirmaram com certeza

Mas no seu interior ele se achava um rei

Rei da ignorância da miséria e da pobreza

Esquálido analfabeto de corpo e alma

Desgastado moribundo sem destreza

Mal dizendo à vida alheada à sua calma

Tornou-se um peso para a sociedade

Cuidar daquele pobre e desvalido cristão

Sem recursos e nenhuma seguridade

Impus a mim mais esta obrigação

Acresci em meus afazeres do dia a dia

De vizinhos mais próximos vinham à indiferença

Quer-se lhe davam um copo de água fria

Diziam que seu mal era a impudência

Aos poucos eu fui descobrindo

De certa forma eles tinham razão

Com a sua saúde se restituindo

Ele foi demonstrando certa ingratidão

Lógico que a doença e a pobreza

O colocou revoltado naquela situação

Xucro não havia nada de cordialidade

A vizinhança via nele apenas sua maldade

Eu disse vizinhança, poucos... Dois ou treis

Se é que se poderia dizer sociedade

Recursos limitados iguais a ele talvez

Cultura idem pobre de verdade

Diversificando apenas em condições

De educação força física e humildade

Tolerância zero com aquele irmão

Esta era a dura e cruel realidade

Diante daquela inesperada situação

Senti-me entre a cruz e a espada

Fingir que jamais, conheci aquele ancião

Não era a conduta a mim repassada

Seguir-me-ei o exemplo de meus pais

Ser cordial ter sempre a mão estendida

E nunca dizer não sem antes trocar de posição

Com as pessoas menos favorecidas!

A pobreza molestou aquele ser miserável

Duramente em sua trajetória existencial

Condenado por seu próprio gênio insuperável

O rejeitaram como se descarta um animal

Desprezado e abatido era pele sobre osso

Uma forma de vida esquelética e fracassada

De o seu pescoço pendia um único sinal de fé

Coberto de sujeira a efígie da família de Nazaré

Jurei perante Deus não desprezá-lo

Eu via nele o sofrimento de Jesus

Um Jesus impaciente difícil de tolerá-lo

Renegando a sorte e sua própria cruz

Mas deixá-lo ali abandonado?

--Merecia... Como represália pela ingratidão

Mas eu não poderia vê-lo desolado

Negando um simples pedaço de pão

A essa altura dos acontecimentos

Morreria a míngua sem caridade

Triste imagem no meu pensamento

Reprisando aquela dura realidade

Seu casebre caindo aos pedaços

Uma fornalha fria e apagada

Cinza o símbolo de seu fracasso

Por toda parte estava espalhada!

OBS. darei sequencia na proxima semana!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 26/10/2012
Reeditado em 31/10/2012
Código do texto: T3952816
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