Contos de Grimm:Contos de Grimm: Os músicos de Brêmem
Era uma vez um burro
Que andava triste e sozinho
Durante muitos anos
Trabalhou em um moinho
Porém foi envelhecendo
E foi deixado no caminho
Seu dono achou que o burrico
Não mais lhe serviria
Vou trocar por outro bicho
Nem que seja uma cotia
Vou matar esse burro
Que já não tem mais serventia
O burro que é tão sensível
Parecia já prever
Sinto que algo ruim
Poderá me acontecer
Vou tratar de ir embora
Não quero pagar pra ver
Vou para a cidade de Brêmem
Ser músico e ganhar dinheiro
Assim ficarei livre do dono
Que é muito interesseiro
Sentir-me-ei livre
Independente e faceiro
O burro em seu caminho
Não custou a encontrar
Um cachorro ofegante
Já cansado de andar
O burro curioso
Começou a interrogar
O que é isso meu amigo?
Você pode me falar
Eu serei seu amigo
Eu quero te ajudar
Estou fugindo do meu dono
Ele quer me liquidar
Que fato grave foi esse
O que foi que se deu?
É que eu perdi o faro
Foi isto que aconteceu
Estou ficando velho
E um cão novo me sucedeu
Venha meu amigo
Ao burro se juntar
Estou indo à Brêmem
Venha me acompanhar
Vamos ser músicos
E viver livres a cantar
O cachorro achou a ideia
Interessante de fato
Subiu nas costas do burro
Com ele fez um trato
Quando estavam caminhando
Eis que aparece um gato
O gatinho estava triste
Não parava de miar
O burro não se conteve
Outra vez foi perguntar
Por que choras amiguinho?
Eu quero de ajudar
O gato num soluço
Não custou a revelar
Estou sofrendo muito
Minha dona quer me afogar
Estou velho e os ratinhos
Não consigo mais pegar
Então venha conosco
Dançar essa ciranda
Vamos formar um grupo
Formaremos nossa banda
Deixe de sofrer
Para frente é que se anda
O gato animado
Subiu nas costas do cachorro
Ficou logo saltitante
Queria subir o morro
Que gatinho mais valente
Parecia até o Zorro!
O burro, o cão e o gato
Logo seguiram viagem
Quando ouviu cocoricó!
Bem no meio da serragem
Era uma pobre galinha
Querendo camaradagem
O burro curioso
Que de tristeza já manja
Viu que a galinha
Já iria virar canja
Estava velha e não deu lucro
Ao seu dono lá na granja
O burro disse a galinha
Fique longe desse algoz
Vamos viver a vida
Que corre bem veloz
Vamos ser livres
Esse dono é feroz
Os quatro amigos juntos
Seguiram seu caminhar
Como seria Brêmem?
Ficaram a imaginar
E enquanto pensavam
Não paravam de sonhar
O burro pensava em trabalho
Honestidade e respeito
O cachorro pensava em carinho
Também num bife bem feito
A galinha numa espiga
O gato num suave leito
Já estavam exaustos
Andando pela savana
Quando de longe avistaram
Uma enorme cabana
O burro disse: estou sonhando?
Belisca-me ou me abana!
Cada qual com seu desejo
Seguiram na direção
Não sabia que lá estavam
Malandro e ladrão
Roubaram na cidade
E fizeram a divisão
O burro muito esperto
Ficou logo na espreita
Pois o que nasce torto
Dificilmente endireita
Vamos pensar num plano
Numa ação perfeita
Enquanto isto os ladrões
Estavam a se empanturrar
Nós aqui com fome
E eles a se saciar
Nós vamos dar um jeito
De esse bando expulsar
A galinha preocupada
Começou a questionar
Como conseguiremos
Esse bando expulsar
Se já estamos velhos
Como iremos planejar?
A mente não envelhece
É só questão de exercitar
Essa foi à resposta
Que o burro veio dar
Os outros bem atentos
Compenetrados no olhar
Prestem atenção ao plano
Que acabo de imaginar
Um sobe no outro
E quando eu sinalizar
Todos fazem barulho
Para ao bando assustar
Sem saber que aquele plano
Poderia dar certo
Eis que lançaram o grito
E dos ladrões estavam perto
Os ladrões fugiram rápido
Veja que burro esperto!
Cheios de si, os quatro amigos
Sentaram-se a mesa
A galinha empoleirou-se!
Foi-se embora a tristeza
O gato bem aquecido
Só pensava em grandeza
Mesmo assustados, os ladrões
Quiseram investigar
Quem seriam os seres
Que a eles foram assustar?
Um deles foi à cabana
Para poder investigar
Quando um dos ladrões
A cabana retornou
Acendeu um fósforo e visualizou
Duas brasas acesas
E ele logo disparou
Eram os olhos do gato
O medo o cegou!
O gato deu um forte miado
E arranhou o ladrão
Foi aquele alvoroço
Uma grande confusão
O cachorro deu uma mordida
E galinha,um beliscão
O ladrão fugiu
Correndo desnorteado
O burro deu-lhe um coice
Tive pena do coitado
Foi contar para os outros
O que tivera passado
O ladrão contou ao chefe
Que viu assombração
Viu uma feiticeira
Que feriu a sua mão
Mordeu seus calcanhares
Uma terrível visão
Os ladrões fugiram
Não quiseram retornar
E os quatro amiguinhos
Resolveram habitar
Desistiram de Brêmem
Gostaram daquele lugar
E a nossa contação
Por aqui vai terminar
Entrou por essa porta
E vai sair noutro lugar
Qualquer hora dessas volto
Com histórias para contar