O DESAFIO DE PEDRO ESPERTO E ZÉ SABIDO.

Num certo lugar havia,

Dois cantadores de viola,

Desses que pra um desafio,

Não tinha tempo e nem hora,

Pedro Esperto e Zé sabido,

Eram os dois bem conhecidos,

Cantavam pelo mundo a fora.

Pedro Esperto e Zé Sabido,

Resolveram se enfrentar,

Em um duelo aferrado,

Sem hora pra terminar,

Esse grande desafio,

Deu-se as margens do rio,

Com o nome de Juruá.

Zé sabido disse a Pedro,

Quero logo lhe avisar,

Cabra que canta comigo,

Não joga prosa no ar,

Deve está bem preparado,

Se não sai envergonhado,

E todo roxo de apanhar.

Pedro respondeu a Zé,

Disso eu não tenho medo,

Pois meus versos tão na cuca,

Comigo não tem segredo,

Topo qualquer desafio,

Não tem inverno ou estio,

Nessa briga sou rochedo.

Por isso segura essa,

Já que se diz cantador,

Se você fosse o petróleo,

Eu não queria ser motor,

Só pra não ter o prazer,

De andar junto a você,

Em qualquer lugar que for.

Disse Zé olha seu cabra,

Vou agora lhe dizer,

Se você fosse o milho,

Um Jegue eu queria ser,

Pra poder te mastigar,

Em fezes te transformar,

E nunca mais ver você.

Se você fosse perfume,

Disse Pedro arretado,

Eu ia viver fedorento,

Sem ficar envergonhado,

Por que esse seu perfume,

Fede mais do que chorume,

E um gambá assanhado.

Sua venta é um fole,

Zé depressa retrucou,

Parecendo uma chaminé,

Do navio que naufragou,

Sua narina é um espanto,

Cabe a cidade de santos,

Com porto e atracador.

Sua boca é uma gamela,

Pedro logo respondeu,

Mais parece uma panela,

E tacho de esquentar breu,

Quando se abriu que horror,

Foi tão terrível o fedor,

Que até o urubu correu.

Disse Zé e essa tua cara,

Parece mais um processo,

Quando olho para ela,

Licença pra Deus eu peço,

Nunca vi tanta feiúra,

Mas feia que sepultura,

Tendo o morto de regresso.

E você com que parece,

Pedro respondeu a Zé,

É um filho de Cruz credo,

Com os olhos de caburé,

Essa esquisita criatura,

Só pode ser a mistura,

De hipopótamo e jacaré.

Zé disse olha meu cara,

É mesmo de admirar,

Um jumento andaluz,

Se atrever me desafiar,

Desafine sua viola,

Bote a mesma na sacola,

Deixe de me importunar.

Pedro nem deu atenção,

Continuou a cantoria,

Dizendo olha amigo,

Confesso que não queria,

Pois eu canto o dia inteiro,

Pois galo no meu terreiro,

Canta fino igual galinha.

Então os dois cantadores,

Cansados de se ofender,

Mudaram o rumo da prosa,

Para o campo do saber,

Foram ao campo da ciência,

Mostrar sua competência,

Nenhum queria perder.

Zé lhe disse então me diga,

Já que se diz sabichão,

Quem faz as ondas do mar,

Empurrar a embarcação,

Depois me diga quem é,

Que influencia a maré,

Seja no inverno ou verão.

Pedro disse lhe respondo,

Sem me mexer no assento,

As ondas do mar se alteram,

Tocadas ao vapor do vento,

Já a influência da maré,

Acredite quem quiser,

Tem na lua o seu provento.

Agora era a vez de Pedro,

Deixar o tal Zé numa fria,

Fazendo lhe uma pergunta,

Que envolve a biologia,

Diga aqui rapidamente,

Quais as parte da semente,

Mostre-me sua sabedoria.

Zé lhes disse é com prazer,

Que lhe dou já a resposta,

A semente tem três partes,

Todas três são sobre postas,

Casca, Endosperma e embrião,

E segura essa ai seu Pedrão,

Nessa eu faço até aposta.

Assim os dois cantadores,

Provaram ter a esperteza,

E terminaram num empate,

Depois das cartas na mesa,

Assim os dois se abraçaram,

Bons amigos se tornaram,

Pondo um fim na tal peleja.

Isso é uma estória criada,

E um conto da ficção,

Criando os personagens,

Dos caboclos do sertão,

Que mostraram inteligência,

E com toda competência,

Deram conta da questão.

Cosme B Araujo.

29/08/2012.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 29/08/2012
Reeditado em 29/08/2012
Código do texto: T3856021
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