Sextilhas desembestadas d'um poeta pensador
Pra Fome
Imaginem meus amigos
Se nas obras de Jesus
Pra acabar com a nossa fome
E nos dar uma luz
Transformasse o mar em leite
E as barreiras em cuscuz
Pra Matemática
A matemática de hoje
Até parece um vicio
Quanto mais o tempo passa
Vai ficando mais difícil
E eu vou endoidecer
Amargando esse suplicio
Pra Ciência
Tu és dona da verdade
Mãe da tecnologia
Uma mola do progresso
Contrária da poesia
Mas também és arrogante
Em sua esquizofrenia
Pra Religião
O conforto do povão
Ilusão bem desgrenhada
Mas hoje virou mercado
Ou política disfarçada
E se fez proprietária
Da verdade relevada
Pra Política
Exercício da gestão
Fruto da democracia
Politicalha e política
Se travam numa porfia
E nessa briga medonha
Quem perde é a cidadania
Pra economia
Move o mundo do trabalho
Do capital e sustento
Tu és tão obcecada
Pelo desenvolvimento
Só pensa em enriquecer
Só fala em crescimento
Ecologia
Transforma logo esse mundo
Nos convida a rebeldia
Combate com altivez
A tal da Economia
Pois tu és a natureza
Que contemplo todo dia
Cultura
Tu me ensinas a pensar
Tu fazes eu ter orgulho
Tu me torna consciente
No saber dou um mergulho
Pois em meu profundo cerne
Não entra qualquer entulho
Poesia
Meu amor sempre presente
A linguagem que eu uso
Tem popular e erudita
Teu autor é tão iluso
Que cria um mundo inverso
Tornando todo confuso
Amor
Eu não sei onde tu tá
Desgraçado sem futuro
Eu só sei que com fervor
Tu nos deixa em apuro
Os teus estragos medonhos
Já tentei, mas nunca curo