Sextilhas desembestadas d'um poeta pensador

Pra Fome

Imaginem meus amigos

Se nas obras de Jesus

Pra acabar com a nossa fome

E nos dar uma luz

Transformasse o mar em leite

E as barreiras em cuscuz

Pra Matemática

A matemática de hoje

Até parece um vicio

Quanto mais o tempo passa

Vai ficando mais difícil

E eu vou endoidecer

Amargando esse suplicio

Pra Ciência

Tu és dona da verdade

Mãe da tecnologia

Uma mola do progresso

Contrária da poesia

Mas também és arrogante

Em sua esquizofrenia

Pra Religião

O conforto do povão

Ilusão bem desgrenhada

Mas hoje virou mercado

Ou política disfarçada

E se fez proprietária

Da verdade relevada

Pra Política

Exercício da gestão

Fruto da democracia

Politicalha e política

Se travam numa porfia

E nessa briga medonha

Quem perde é a cidadania

Pra economia

Move o mundo do trabalho

Do capital e sustento

Tu és tão obcecada

Pelo desenvolvimento

Só pensa em enriquecer

Só fala em crescimento

Ecologia

Transforma logo esse mundo

Nos convida a rebeldia

Combate com altivez

A tal da Economia

Pois tu és a natureza

Que contemplo todo dia

Cultura

Tu me ensinas a pensar

Tu fazes eu ter orgulho

Tu me torna consciente

No saber dou um mergulho

Pois em meu profundo cerne

Não entra qualquer entulho

Poesia

Meu amor sempre presente

A linguagem que eu uso

Tem popular e erudita

Teu autor é tão iluso

Que cria um mundo inverso

Tornando todo confuso

Amor

Eu não sei onde tu tá

Desgraçado sem futuro

Eu só sei que com fervor

Tu nos deixa em apuro

Os teus estragos medonhos

Já tentei, mas nunca curo

Jozias Umbelino
Enviado por Jozias Umbelino em 06/07/2012
Reeditado em 26/07/2012
Código do texto: T3763672
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