VOCÊ ME LASCOU, DJALMA!
(Poesia de agradecimento ao Coorientador no Mestrado em Melhoramento Genético de Plantas - UFRPE, Djalma Euzébio Simões Neto)
Depois de vinte e um anos
Que eu já estava formado,
Como quem não tem juízo
Eu fui fazer um mestrado.
Logo no primeiro dia
Começou minha agonia
Porque ali me ocorreu
Que cada um dos colegas
Com rosto liso, sem pregas,
Podia ser filho meu.
Os professores falavam
E eu ficava embatucado.
Tal qual um analfabeto
Ouvindo um advogado.
Só faltou ter Data Vênia,
Mas tinha o efeito xênia,
E uma Endonuclease
Diclina, cleistogamia.
Micrósporo, Panmixia.
Heterose e Peristase.
Fiz quase cem Seminários
Descrevendo os vegetais
Estudei diversas técnicas
E Métodos Experimentais
Vi na retrospectiva
Genética Quantitativa
E a Genética Aplicada,
Melhoramento de Alógamas
Outros métodos de Autógamas
E a Pesquisa Orientada.
Estudei tanto no curso
Que quase que eu fico louco
Não fui parar no hospício,
Mas pra isso faltou pouco.
Perdi finais de semana
Dois anos sem beber cana
Minha careca aumentou
Fiquei de cabelos brancos.
Fui aos trancos e barrancos,
Mas finalmente acabou.
Isso foi o que eu pensei,
Porém foi pura ilusão
Porque quando eu comecei
Fazer a Dissertação
Consultei especialistas
Pra me darem algumas pistas
E as suas opiniões,
Mas pra acabar de lascar
Inventei de escutar
Doutor Djalma Simões.
Com uns clones da Ridesa
Eu pensei no trivial
Avaliando a performance
Agrícola e industrial.
Muitos já fizeram assim
E seria bom pra mim
Que eu faria com mais calma,
Mas pra não dizer um não
Mudei a dissertação
Com os conselhos de Djalma.
Foi aí que eu me lasquei
Quase perco a paciência
Pra estudar entre os clones
Uma tal de Divergência.
Além da Estabilidade
E da Adaptabilidade
Que quase me deu um trauma
Depois de tanto sofrer
Hoje eu só posso dizer:
Você me lascou Djalma!
Você me fez estudar
Matriz de covariância
Usando Mahalanobis
Pra conhecer a distância
Também tive que aprender
Um tal Método de Tocher
Que atormentou a minha'lma
Pra chegar à conclusão
Fiz das tripas coração
Você me lascou Djalma!
Para a adaptabilidade
Também tive que estudar
Segundo Eberhart e Russel
Com regressão linear.
EIta! troço complicado,
Inda ando atordoado
Que nem calmante me acalma
Por estudar desse jeito
Digo com todo respeito:
Você me lascou Djalma!
Mas quando o diabo atenta
A nossa mente se tranca
Achei de chamar Djalma
Pra fazer parte da banca.
Meu Deus que tanta agonia!
Eu senti logofobia
Meu corpo quase se espalma...
Foi tanta aporrinhação
Que hoje eu digo com razão:
Você me lascou Djalma!
Eu jurava que você
Pudesse ser meu amigo,
Em vez de me apertar tanto
E ser tão duro comigo.
Que não fosse tão carrasco,
Nem me fizesse um fiasco,
Pra merecer minha palma...
Se eu sofresse um AVC
O culpado era você...
Você me lascou, Djalma!
Mas pras canas RB
E pro seu melhoramento
Tivemos um grande avanço
Compensando o sofrimento.
E já que fui aprovado
Mesmo sofrendo um bocado
Como qualquer bom vivalma,
Aproveito a ocasião
Pra dizer de coração:
Muito obrigado, Djalma!
*Poesia declamada no 16º Seminário Regional sobre Cana-de-açúcar realizado pela Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB Setentrional), em 26 de abril de 2012, no Teatro Beberibe do Centro de Convenções de Pernambuco.