SEM O LUAR O SERTANEJO CHORA

Mergulha o sol no horizonte

Cinge de esplendor a natureza

A lua em sua fase minguante

Perde o encanto e a beleza

A tarde vai rápido caindo

A escuridão liberta seu mito

E o róseo boreal vai sumindo

Empalidece a franja do infinito

A noite vai puxando seu manto

Por milhões de estrelas bordado

O curiango começa seu canto

Aqui ali e acolá no cerrado

De luto a terra se veste

A brisa vai carregando o perfume

Roubado da flora silvestre

Saem das tocas os vaga-lumes

Ouvem-se os murmúrios do rio

Chorando ao som da cascata

Assanham as aves com seus pios

A buscar seus ninhos na mata

O silencio e quietude se instala

O transe da terra é profundo

Os brejais seu bocejo exala

O fétido hálito do mundo

Levitando no cosmos a vagar

A terra flutua na sua imensidão

Como uma nau singrando o mar

Em meio às ondas da escuridão

Na sua rede o sertanejo chora

Ponteando seu velho violão

Perguntando por que o luar foi embora

Magoando o seu coração

Desafinado tira uma triste toada

Dos acordes de o seu instrumento

Perdido ele fica no meio do nada

Divagando com o seu pensamento

A contemplar o céu estrelado

Clamando pela ausência do luar

Tristonho ele adomece desconsolado

Pondo-se com a lua a sonhar!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 13/04/2012
Reeditado em 02/03/2018
Código do texto: T3609914
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