A maior parreira do mundo

I

No quintal da minha casa

Eu plantei um pé de uva

Essa planta quase morre

Num ano em que faltou chuva

Mal ela escapou da seca

Veio a praga da saúva

II

Eu matei tanta formiga

Que quase enlouquecia

Pois quanto mais eu matava

Mais formiga aparecia

Se demorasse mais tempo

Eu juro que desistia

III

A praga de gafanhoto

Que veio logo em seguida

Comeu o resto das folhas

Deixou a planta despida

Coitada dessa parreira

Quase que perde a vida

IV

Eu combati gafanhoto

Com as armas que eu tinha

Inseticida, estilingue

Pau de vassoura e galinha

Eu fiz tudo quanto pude

Para salvar a plantinha

V

Peguei todas as formigas

Que consegui ajuntar

Misturei com os gafanhotos

E botei para fermentar

Para usar como adubo

E das pragas me livrar

VI

Podei os galhos mais secos

Depois que a chuva voltou

Botei o adubo na terra

Então a planta brotou

E desse dia em diante

Nunca mais uva faltou

VII

A parreira cresceu tanto

Que cobriu o meu quintal

E continuou crescendo

Num ritmo descomunal

Que num dia ultrapassou

O cajueiro de Natal

VIII

Ela está no Guinness Book

A maior planta do mundo

E também a que mais cresce

Vinte metros por segundo

Porque o adubo que usei

Deixou o solo fecundo

IX

A planta também detém

Recorde de produção

Ela bota tanta uva

Que abastece a nação

De uva, passa e vinho

E sobra para exportação

X

No tempo da entressafra

O que se colhe é pouquinho

Pois a parreira produz

Só cem frutos por cachinho

E cada uva espremida

Só dá um litro de vinho

XI

A parreira produz tanto

Em tão grande extensão

Que não tem mais mão de obra

Para colher a produção

E os frutos não colhidos

Foram caindo no chão

XII

Os frutos foram caindo

E aos poucos fermentando

E foram através do tempo

Em vinho se transformando

Em tão grande quantidade

Que o vinho está jorrando

XIII

Construí uma barragem

Para reter a vazão

Construí uma adutora

E puxei a encanação

O vinho vai encanado

Direto pro garrafão

XIV

Exportando uva e vinho

Criei fama mundial

Já ganhei tanto dinheiro

Que até me sinto mal

E por isso investi

Num programa social

XV

Fiz acordo com a COMPESA

Para usar a encanação

Do fornecimento d’água

E fiz a conexão

Para distribuir vinho

Pra toda a população

XVI

O bom apreciador

Já pode economizar

Para tomar um bom vinho

Não precisará pagar

É só abrir a torneira

Encher o copo e tomar

Edmilton Torres
Enviado por Edmilton Torres em 06/04/2012
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T3598407
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