Aconteceu em uma pescaria....
Leitores atenciosos
Destes versos que escrevo
Vou contar uma história
Bem curta, mas que atrevo
A dizer que foi verdade
Pois mentir eu nunca devo
Um certo dia eu pescando
No açude Pindurão
Na zona rural de Malta
Lá pras bandas do Sertão
Eu tive grande surpresa
Em certa ocasião
Saindo pra pescaria
Organizei meu bornal
Coloquei o que queria
Sendo providencial
E fui partindo pra pesca
De meu jeito jovial
Eu coloquei na bagagem
Um taquim de rapadura
Uma banda de cuscuz
Carne seca de mistura
Uma cabaça bem cheia
Com água, bem fria e pura
Uma garrafa de café
E a outra de "brejeira"
Para me deixar esperto
E evitar a canseira
E assim aguentar
A pescaria inteira
Eu também ia levando
Muita isca pra pescar
Pois com a vara de anzol
Nunca se pode falhar
E faltando a "munição"
A gente ter que parar
Eu parti "munido" assim
Para a minha pescaria
Arranchei na beira d'água
Por onde passei o dia
Fui pescando o que pudesse
Pegando certa quantia
Comecei de manhã cedo
Só parei pela tardinha
Quando me faltava isca
Acabando a que eu tinha
Mas quando já ia embora
Fui fazer uma "boquinha"
Me preparei pra partir
Quando ouvi um barulho
Uma cantiga medonha
Por detrás dum pedregulho
Então eu fui conferir
Qual era aquele bagulho
O a cantiga era assim
Quel-quel-quel-quel-quel-quel-quel
Cru-cru-cru-cru-cru-cru-cru-cru
El-el-el-el-el-el-el
Hum-hum-hum-hum-hum-hum-hum
Rel-rel-rel-rel-rel-rel-rel
Eu subi no pedregulho
Na destreza dum pinote
E depois vi uma cobra
Agarrada num caçote
Cada grito do anfíbio
O réptil metia o bote
"Mas vejam só quanta sorte"
Eu pensava assim comigo
Vou salvar este caçote
De sofrer este castigo
Pra ele servir de isca
E pescar mais eu consigo
Agarrei pelo cangote
Daquela grande jiboia
E tomei-lhe o grande anfíbio
Como alguém rouba uma joia
E com toda minha destreza
Fui seguindo a tramoia
Eu abri a boca dela
Depois peguei a "brejeira"
Derramei uma certa dose
E soltei-a de primeira
Ela saiu "cambaleando"
Mostrando clara tonteira
Aí peguei o caçote
E saí para pescar
Consegui fisgar uns peixes
Até a carne acabar
Quando senti uma coisa
Na minha perna tocar
Olhei bem rapidamente
Para ver o que se dava
Quando vi que um jibóia
Em minha perna tocava
Vinha trazendo um caçote
E muito estranha me olhava
E o mesmo movimento
Que fiz na primeira vez
Fiz novamente com cobra
Parecendo estupidez
E ela saiu tontinha
Padecendo em languidez
Então voltei a pescar
Novamente tinha isca
Quando sentia na perna
Que outra coisa me trisca
E notei que era a cobra
Dessa vez bem mais arisca
Trazia outro caçote
Este era avantajado
Entendi que aquela cobra
Teria se viciado
E a cada dose de cana
Me trazia um novo agrado
Eu pesquei a noite toda
Explorando àquela escrava
Cada dose de brejeira
Um caçote ela caçava
E assim foi me servindo
Todo tempo que eu pescava