O SABOR DA POESIA.

EU SÓ SINTO O FRESCOR DE UM BOM POEMA

QUANDO ESCUTO O ABOIO NA CHAPADA

DE UM VAQUEIRO ENTOANDO UMA TOADA

NUMA TARDE QUE O SOL DA COR DA GEMA

VAI SUMINDO NOS GALHOS DA JUREMA

PRA CEDER SEU LUGAR A ESCURIDÃO

PASSA UM VENTO SOPRANDO PELO O CHÃO

AVISANDO QUE A NOITE SE INICIA

EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA

QUANDO CANTO ESSAS COISAS DO SERTÃO.

ACORDAR COM AS GALINHAS NO POLEIRO

E COM UMA VACA URRANDO NO CURRAL

NUM LAJEDO BOTAR RAÇÃO E SAL

PRA NUTRIR TODO O MEU GADO LEITEIRO

JOGAR MILHO PRA OS PORCOS NO CHIQUEIRO

IR BUSCAR NO ROÇADO A CRIAÇÃO

AMANSAR BURRO BRABO NO MOURÃO

CATAR MILHO NA ROÇA OU MELANCIA

EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA

QUANDO EU CANTO ESSAS COISAS DO SERTÃO!

NUM CAMPINHO DE TERRA MEIO RUDE

EU CALÇAVA FELIZ MINHA CHUTEIRA

PRA JOGAR FUTEBOL A TARDE INTEIRA

NÃO FALTAVA VONTADE E NEM SAÚDE

DEPOIS IA PRA BEIRA DE UM AÇUDE

TOMAR CANA COM CALDO DE PIRÃO

COZINHADO NUM VELHO CALDEIRÃO

ERA A FARRA MELHOR QUE AGENTE IA

EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA

QUANDO EU CANTO ESSAS COISAS DO SERTÃO!

POR EXEMPLO CANTANDO EU NADA SINTO

SOBRE A HISTÓRIA DE ROMA,GRÉCIA E CRETA

MÁS NA HORA QUE ESCUTO UM BOM POETA

UM REPENTE ME SURGE COM INSTINTO

ME INSPIRO COM UM BOI CORRER FAMINTO

A PROCURA DE UM SACO DE RAÇÃO

UMA PORCA SUMIR SEM TER RAZÃO

E ESCONDER POR UM TEMPO A SUA CRIA

EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA

QUANDO EU CANTO ESSAS COISAS DO SERTÃO!

GLOSAS:JÚNIOR ADELINO

MOTE:CARLOS AIRES

JÚNIOR ADELINO
Enviado por JÚNIOR ADELINO em 16/01/2012
Código do texto: T3444660