UM MENINO QUE SONHOU EM SER POETA
Fui um poeta jequinha
Menino da roça sem istrução
Tudo que a natureza tinha
Eu amava de paixão
Os bandos de periquitos
Que vinham do arrozal
Em contraste com o infinito
Era um desenho genial
Eles passavam voando
Pela paisagem universal
Com seu verde esperança
Contrastando com a pintura de fundo
Gravada em minha lembrança
O céu de um azul encantador
Na sublime cobertura do mundo
Aonde mora Deus, nosso criador
As garças brancas no banhado
Pássaros pretos no bambuzal
Os canários de cânticos dobrados
As rolinhas no laranjal
Serena e suave a tarde caia
E na alma de o jequinha
Com seu desejo de poesia
As palavras nunca vinham
Vendo o mergulho do sol
Afundando no horizonte
Produzindo o encantador arrebol
Cobrindo de sombras os montes
Sem nenhum entretenimento
Restava-me contemplrar na imensidão
Do longínquo firmamento
As estrelas pintando a escuridão
Um despencar de água na bica
As pancadas do monjolo no pilão
Transformando milho em canjica
Um carro de boi gemendo no estradão
A velha paineira se pondo em flor
A brisa suave carregando perfume
Eu correndo derramando suor
Com um tiço de fogo atraindo vaga-lume
Neste cenário de rara beleza
Oferecendo-me paz e harmonia
Os murmúrios da mãe natureza
Despetava um grande desejo
Tranformar meu sonho em poesia
Quem sabe um dia ser poeta
Mas o jequinha sertanejo
Não encontrava as palavra certas
Assim vi ruir o sonho de eu ser poeta
Descrever em versos minha infancia
Na minha linguagem rude e discreta
Contar aventuras do meu mundo criança
Correr de novo as trilhas por onde andei
Reviver os sonhos destas lembranças
Ao lado daqueles que tanto amei
Hoje, alimento minha alma nesta esperança