UM MENINO QUE SONHOU EM SER POETA

Fui um poeta jequinha

Menino da roça sem istrução

Tudo que a natureza tinha

Eu amava de paixão

Os bandos de periquitos

Que vinham do arrozal

Em contraste com o infinito

Era um desenho genial

Eles passavam voando

Pela paisagem universal

Com seu verde esperança

Contrastando com a pintura de fundo

Gravada em minha lembrança

O céu de um azul encantador

Na sublime cobertura do mundo

Aonde mora Deus, nosso criador

As garças brancas no banhado

Pássaros pretos no bambuzal

Os canários de cânticos dobrados

As rolinhas no laranjal

Serena e suave a tarde caia

E na alma de o jequinha

Com seu desejo de poesia

As palavras nunca vinham

Vendo o mergulho do sol

Afundando no horizonte

Produzindo o encantador arrebol

Cobrindo de sombras os montes

Sem nenhum entretenimento

Restava-me contemplrar na imensidão

Do longínquo firmamento

As estrelas pintando a escuridão

Um despencar de água na bica

As pancadas do monjolo no pilão

Transformando milho em canjica

Um carro de boi gemendo no estradão

A velha paineira se pondo em flor

A brisa suave carregando perfume

Eu correndo derramando suor

Com um tiço de fogo atraindo vaga-lume

Neste cenário de rara beleza

Oferecendo-me paz e harmonia

Os murmúrios da mãe natureza

Despetava um grande desejo

Tranformar meu sonho em poesia

Quem sabe um dia ser poeta

Mas o jequinha sertanejo

Não encontrava as palavra certas

Assim vi ruir o sonho de eu ser poeta

Descrever em versos minha infancia

Na minha linguagem rude e discreta

Contar aventuras do meu mundo criança

Correr de novo as trilhas por onde andei

Reviver os sonhos destas lembranças

Ao lado daqueles que tanto amei

Hoje, alimento minha alma nesta esperança

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/01/2012
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T3443628
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