A Saga de Jefferson Douglas
Eu conheci um rapaz
Do Vale das Espinharas
Chamado Jefferson Douglas
Cabra muito camarada
Que me rendeu uma história
Que agora vai ser contada
Tem apenas vinte anos
A idade do rapaz
Mas tem toda energia
Que o torna capaz
De fazer grande orgia
Ou ainda coisas mais
Ele tem um cacete
De palmo e meio de tamanho
Qualquer pessoa que ver
Acha aquilo tudo estranho
Eu só sei por que eu vi
Quando ele tomava banho
É que esse meu amigo
Viajou às minhas terras
Conheceu uma gatinha
Se apaixonou por ela
Depois se complicou todo
Por causa do pai da bela
Pois o cara é tão valente
Que dá um medo enrascado
Tem uma peixeira grande
Que fura só no olhado
E a cara de ruim,
Bruto e todo amuado.
Tem um ciúme da filha
Que é capaz de matar
Se souber que alguém quer ela
Para apenas namorar
Pode esgoelar o cara
Ou até mesmo destripar
Mas prefiro o amigo Jefferson
E vejam o que aconteceu
A paixão era tão grande
Que o homem endoideceu
Foi enfrentar a fera
Dentro do domínio seu
Chegou na casa do cabra
Estirou a “manjiroba”
Dura que nem estaca
Ou um toco de maniçoba
Gritou pro dono da casa
- Olhe para essa cobra!
Tenha respeito por ela
Que é de minha estimação!
Me deixe ficar com sua filha
Senão eu armo uma confusão
E vou mostrar porque tirei
Minha pomba do calção
Bateu com a pomba na mesa
Três vezes pra ele ouvir
Disse para o camarada
- Respeito por isso aqui
Que é minha marca de macho
Que nunca me deixa cair!!!
Que a reação foi danada
Não precisa nem dizer
O cara puxou a faca
E começou a meter
Em busca daquela vara
Que ele estava a ver
Quando Jefferson pressentiu
Que a situação não tava boa
Disparou numa carreira
Que quase o peido voa
Dizendo sou brasileiro
Como qualquer pessoa
Vou lutar até a morte
Por esse meu bem amado
Duvido tu me pegar
No meio desse cercado
Ainda mais quando eu entrar
Em um canto descampado
O cara disse: eu também
Sou filho desse país
Não desisto assim tão fácil
Vou te pegar infeliz!
Mas ele já tava cansado
E não conseguiu o que quis
Jefferson corria mais
Que um guaxinim assustado
Pularam um "mata burro"
Entraram em um roçado
Pisaram toda a lavoura
Deixaram o rastro marcado
Jefferson corria tanto
Que dava até um "cambão"
Mas logo a sua frente
Encontrou um cancelão
Jefferson pulou por cima
Meteu o "fucim" no chão
Ai o nego enfadou-se
E diminuiu a carreira
Para a sua grande sorte
A distância verdadeira
Era mais de uns 100 metros
Deu tempo bater a poeira
Continuou a correr
Agora mais devagar
E logo aconteceu
Do cara se aproximar
Zuniu a faca no chão
Para Jefferson escutar
Quando ele ouviu o zunido
Daquele ferro amolado
Apertou mais o seu passo
Já tava recuperado
Deixou o cara pra trás
Pois tava muito cansado
Mas mesmo assim cansado
O cara não desistiu
Zunia a faca no chão
Que todo mundo ouviu
Meteu num xerém de pedra
Que a língua de fogo subiu
A carreira era tão grande
Que o vento assobiava
Entraram em um chiqueiro
Tropeçaram numa cabra
Continuaram a correr
Quebrando a maravalha
Jefferson era bem maneiro
E facilitava a corrida
Pinotou em um “lageiro”
Continuou a investida
Depois olhou para trás
Mas não viu sinal de vida
Logo a sua frente
Avistou uma cancela
Foi inventar de pular
Quebrou um par de costela
Dessa vez o coração
Quase sai pela goela
Na hora do sangue quente
O cabra não sente a dor
Não dar tempo gritar ai
Mamãe, papai ou avô
Por isso que nosso amigo
Ainda não se enfadou
Como não viu ninguém
Tirou para descansar
Mas ouviu um ruído
Começou a cismar
Rapidamente levantou-se
Recomeçou a marchar
Subiu no "balde" dum açude
Quase sofreu uma queda
E em um ato de “doidiça”
Pulou uma cerca de pedra
Amassou o mata-pasto
E estirou em uma reta
Chegou na casa da avó
Mei-palmo de língua pra fora
Pediu socorro a todos
Já era quase uma hora
Todo mundo então achou
Que foi surra da Caipora
Então ele contou a todos
O que havia acontecido
Falou que de tanto correr
Já tinha quase morrido
Começou se arrepender
De um dia ter nascido
Mas tudo só aconteceu
Por causa de sua coragem
De ir na casa do cara
Fazer uma maruagem
Desafiando a moral
Manchando a sua imagem
Para a surpresa de todos
O que logo então se deu
Após três dias do ocorrido
Vejam o que aconteceu
Contrariando em tudo
Os fatos que você leu
O cara perseguidor
Que por mais de hora e meia
Zunia a faca no chão
Fazendo a cara feia
Veio até nossa presença
Com uma conversa alheia
Dirigiu-se para Jefferson
Com uma arma na mão
Era aquela sua faca
Que usou na perseguição
Resolveu presenteá-lo
Como em retribuição
Meu amigo essa peixeira
Te dou com todo prazer
Pode ficar com minha filha
E com ela se defender
“Só corri na sua cola
Para presentear você”
Conheci sua coragem
Quando veio me desafiar
Dentro de minha casa
Com intuito de ficar
Com a minha bela filhinha
E com ela namorar
Mas quis assustar você
Antes de presentear
Pra ver como te defende
Quando alguém te ameaçar
Mas percebi que suas pernas
Bastam para lhe salvar
Quando ouviu essa conversa
Jefferson quase chorou
Saiu andando de pressa
Com sua gatinha abraçou
Depois ele fez uma festa
Por tudo comemorou
J-efferson correu demais
O-utra coisa não restou-lhe
Z-erou o copo da sorte
I-nda Deus abençoou-lhe
A-rrumou o que queria
S-ó coragem é que faltou-lhe.