Viagem ao Planeta Morto
Domingo de manhãzinha fui pra roça passear
Levei um litrão da boa, se fizer frio eu tomar
Descendo de morro a baixo só ouvia pneu chiar
Montado numa magrela não demorei pra chegar
No ranchinho de sapé tenho de tudo por lá
Tenho um fogãozinho de lenha
Panela pra cozinhar
Tem lugar para dormir e rede para descansar
Em seguida fiz o rango
Botei carne pra assar
Tomei uma talagada para poder almoçar
Depois de beber um moca
Recostei para cochilar
Enquanto fazia o quilo
Deixava o sol esfriar
À tarde peguei a tralha
Fui pra lagoa pescar
Levei na minha capanga
Alguns anzóis para pindar
Escolhi um poço bom
E joguei um pouco de fubá
Para chamar os peixes grandes
Quando os pequenos juntar
Fiz um cigarro de palha para os mosquitos afastar
Peguei uns peixinhos miúdos
E fui jogando pra lá
Alguns pra fazer isca
Os maiores pra fritar
Vou comer tomando pinga
No rancho quando eu voltar
Apanhei uma linhada boa
E rodei ela no ar
Quando a isca bateu na água
Senti a linha pesar
Ferrei um peixão dos grandes
Quando eu ia faturar
De repente um chiado
E vi as árvores balançar
Com uma rajada de vento
Só faltou me derrubar
Soltei a linha da mão
E deixei o peixe levar
Em seguida no lajedo
Vi uma nave posar
Era uma coisa bem grande
Parecia de dois andar
Depois abriu uma porta
Vi algo movimentar
E uma figura estranha
Foi descendo devagar
Tipo um robô japonês
E começou a me encarar
E eu tremendo de medo
Quando ia levantar
Preparei para correr
Fiquei suspenso no ar
E aquilo voltou depressa
E começou a me levar
E já na porta da nave
Escorei pra não entrar
Fazia força nos pés
Não achava em que pegar
E aí não teve jeito
Quando vi já estava lá
Perguntei para o nanico
Para onde vai me levar
E nada me respondeu
Apenas mandou sentar
Numa poltrona estranha
Parece que fiquei colado
Com cinto de segurança
No corpo bem ajustado
Me botaram um capacete
De um metal muito pesado
Eu ali batendo o queixo
Com os olhos arregalados
O cabelo arrepiou
O coração acelerado
O sangue fugiu das veias
O corpo ficou gelado
Um líquido frio e sem gosto
Fui obrigado a tomar
Descendo de goela abaixo
Senti as tripas rosnar
E o sistema nervoso
Começou normalizar
Para escapar dali
Jeito nenhum encontrei
Eu falei comigo mesmo
Agora o trem ficou feio
E estava mais perdido
Do que cego em tiroteio
Aquilo deu um estrondo
Que a pedra rachou no meio
Foi um arranco tão grande
A coisa foi muito séria
Não sei como o coração não voou pela goela
Cheguei pensar que o espírito
Abandonou a matéria
Em seguida uma tela
Clareou na minha frente
Com palavra bem escrita
Mas com letra diferente
Dizendo não tenha medo
Fica tranqüilo parente
Nada vai acontecer
Pode confiar na gente
Esse painel é o meio para gente comunicar
O que deseja saber
Basta você pensar
E então quem são vocês?
Qual é o seu habitar?
Vocês são máquina ou gente?
Para onde vão me levar?
Somos de um mundo diferente
Da terra muito afastada
Há quinhentos milhões de anos
Já fomos muito atrasados
Tudo de ruim existia
Tinha conflito armado
Os países não se entendiam
Era um povo agitado
Hoje é bem diferente
De gente civilizado
Apesar de ser tão grande
Só por um é chefiado
Vamos dizer assim
Um sistema de reinado
De humano só temos o celebro
O corpo é fabricado
Construímos um corpo igual
Ao o outro que foi gerado
É muito mais resistente
O nosso crânio é blindado
A morte do nosso povo
É coisa do passado
Apesar de nosso corpo se criado pela gente
Nós somos de carne e osso
Nosso sangue é quente
E a vida não tinha graça com o corpo diferente
O combustível pesado
Há tempo foi esquecido
Todo sistema é elétrico
É um mundo despoluído
O meio de transporte é aéreo
E não existe ruído
Lá também se come carne
Legumes e vegetais
Os animais de abate
Tem vidas artificiais
Nossa terra produz tudo
Milho, arroz e feijão
Frutas de outros planetas
Uva, maçã e pião
E as que não são comestíveis
Usa pra fazer sabão
Lá existe um meio para fazer irrigação
Quando precisa de chuva
É só apertar o botão
Só cai na medida certa
Temos o controle nas mãos
Quantas horas de viagem da terra a esse lugar?
Com apenas cinco horas
Com certeza chega lá
Mais gastava menos tempo
Mais temos que atrasar
Com essa velocidade não podemos aterrissar
Temos que esperar um pouco para a rotação baixar
Deve ter a velocidade da luz para tão longe chegar?
Não, com essa velocidade muito tempo ia levar
Gastava quinhentos anos e talvez nem chegasse lá
A energia que usamos para as naves locomover
Foram dez mil anos de pesquisa
Batalhamos pra valer
Não adianta explicar
Você não vai entender
Já que estou viajando
Então me leva com você
Esse mundo tão estranho
Eu queria conhecer
Você não esta preparado
Para passeio bruscamente
Em um planeta habitado
Com vidas inteligentes
Levaria um grande susto
Que pode ficar doente
Vê um mundo avançado
Milhões de anos na frente
Depois desse bate papo
Chegamos em um lugar
A nave voou baixinho
Mais porem não quis pousar
Deu uma volta no planeta
Só a fim de mim mostrar
Era um enorme deserto
Não tinha nada por lá
Eu vi torre retorcida
Outras de pernas por lá
E também vi quatro luas
Naquele mundo a brilhar
Esta vendo esse gigante
É difícil acreditar
Que uma grande população
Habitou esse lugar
Parecia com a terra
Muito bom para plantar
Tinha rios de água doce, vegetação, peixe e mar
Vários tipos de animais
Embora bem diferente
Existiu um sapo gigante
E esse comia gente
Tinha uma língua de seis metros
Pegava longe o cliente
Comiam quatro ou cinco
Só no café da serpente
Por ser um animal enorme
Por isso tornava lento
Mais tinha uma estratégia
Era muito inteligente
Ela cavava um buraco
Entrava e ficava rente
E sempre em beira de estrada
Onde passava gente
Soltava um líquido das costas
E esse líquido produzia um lodo esverdeado
Que com pedra confundia
Como se fosse um tapete
De baixo a fera escondia
Ficava ali camuflado
E quem passava não via
Enxergava muito bem
Tinha faro e sentia
Até um pequeno inseto se mexesse ele ouvia
Enorme velocidade a língua desenvolvia
E na faixa de seis metros
Quem chegasse ali morria
Como se fosse uma galinha
Pegava um grilo e engolia
Rodava dentro da toca
A presa nem percebia
E se vinhesse por trás
A mesma sina trazia
Saia da loca a noite
Ia na fonte e bebia
Tomava um banho rotineiro
Voltava logo e dormia
Intestino de avestruz
Esse bicho possuía
Caindo na pança dele
Até osso derretia
Com tanta gente sumindo
A polícia desconfia
Denúncias e mais denúncias
Lotava a delegacia
Embora fosse remoto
Mais às vezes acontecia
Alguns deles davam azar
Quando o povo descobria
Levava uma chuva de bala
Estrebuchava e gemia
Depois dessa comilança
Carregada às baterias
A sua volta pra casa
Era o que ele mais queria
Nas cavernas mais profundas
Aonde o bichão vivia
Tinha sombra e água fresca
Era muita mordomia
Como não faltava nada
Só descansava e dormia
Com a gordura acumulada
Fome ele não sentia
Tinham todos nutrientes
Era um poço de energia
E ficava sem comer
Por mais de noventa dias
A sua sobrevivência, a gordura garantia.
Vamos deixar o sapão
Lá naqueles brocoto
E vamos voltar à história
De onde ele desviou
Aqui tinha prefeitura
Governador e reinado
Apesar de muito rico
Existia favelado
E também tinha ladrão
Matava por uns trocados
Queimava as florestas
Transforma em carvão
Para alimentar as indústrias
Que movimentava a nação
E com isso também vinha enorme poluição
Tinha assaltantes de banco
Pirataria no mar
Enormes embarcações
E praia pra bronzear
Uma guerra nuclear
Deixava o povo assustado
E os países mais poderosos
Armava seus aliados
Todos os paises possuíam
Para sua proteção
Míssil de longo alcance
Metralhadora e canhão
Artilharia pesada e fábrica de munição
Houve uma guerra atômica
Fizeram à cobra fumar
Foi um combate feroz
Por terra, água e ar
O mundo escureceu
O sol deixou de brilhar
E tudo ali morreu
Não sobrou nada por lá
A terra esquentou tanto
Que as águas do mar ferveu
A seiscentos milhões de anos
Que esse planeta morreu
Ali não existe nada
Quem tinha vida perdeu
Aqui termina o passeio
Agora vamos voltar
Trouxemos você aqui
Apenas para alertar
Mais porque os seres humanos
Destrói o seu próprio habitar
A camada de ozônio
Já começou a desmanchar
As geleiras derretendo
Subindo o nível do mar
E quem tem os poderes na mão
Nada faz para salvar
Sentado de camarote
Espera o barco afundar
Estão mais interessados
É em arma nuclear
As matas e os cerrados
Seguem o mesmo caminho
Arranca para fazer carvão
Outros para plantar capim
Nesse embalo que vai
Não demora vai ter fim
Teste muito perigoso
Se realizou no mar
O impacto foi tão forte
Que a terra vibrou por lá
O perigo de usina nuclear,
Se às vezes alguém pergunta
Se não existe perigo de alguma coisa vazar
Eles têm na ponta da língua
Resposta pronta para dar
- Não têm perigo nenhum
- É bem seguro por lá
E quando acontece um desastre
Logo na televisão aparece um de terno
Para dar explicação
- Foi um parafusinho do cilindro que soltou
- O vazamento foi pequeno
- A gente já concertou
- Isso não repete mais
Até por Deus ele jurou
Querendo enganar o povo
Mais ninguém acreditou
Não foi por falta de alerta
Inventa outro doutor
A serpente foi embora
A corrente arrebentou
O monstro agora está solto
Vai devorar quem criou
O mundo corre perigo
E foram vocês que causou
Arma de destruição
Cada vez aumenta mais
Enquanto pensar assim
O mundo não terá paz
E outros morrem a mingua
Sem direito a hospitais
O resultado das guerras
É o povo na miséria
E quem não morre na bala
Fica com grandes seqüelas
Alguns sambando nas ruas
Gritando “agita galera”
Joga beijo para a estátua
Dizendo ”você é bela”
Outros fogem para as matas
Mais cai em uma esparrela
Passam uma fome tão grande
Que pode contar as costelas
Dentro das grunas entocados
Morre de febre amarela
Tem alguns filhos de rico
Por não ter o que fazer
Dinheiro, muito dinheiro
Carro importado e lazer
Bota fogo no mendigo
Só pra ver ele correr
Foge dando gargalhada
Procura um bar pra beber
Dizendo da próxima vez
Quem risca o fósforo é você
Um deles até falou:
- e se aquele cara morrer?
O outro disse:
- e daí, nunca vai ser descoberto
- não deixamos ninguém ver
- é, mais alguém anotou a placa,
- e voltou para socorrer
Veja o que eles falaram quando foi interrogado:
- em um abrigo de ônibus vimos um homem deitado
- pensamos que era um mendigo
- estava num sono ferrado
- e ele dormia muito
- pelo tipo do roncado
- De fazer essa brincadeira foi idéia do chegado
- voltamos e compramos o álcool num posto pertinho ao lado
- Jogamos em cima dele
- mais não ficou ensopado
- e quando lançamos a chama
- ele deu uns pulos engraçados
- nós não queríamos matar
- só divertir um bocado
“Vocês tiveram muita sorte”, respondeu o delegado
- de ter nascido aqui
- nesse chão abençoado
- Se fosse em outros paises
- hoje vocês eram finados
- e se fosse lá na china
- eram todos fuzilados
Foi uma longa viajem
Em um disco voador
Passei bem pertinho do sol
Até senti o calor
Vi larvas incandescentes
Quando a nave atravessou
Em um lugar muito rochoso
Aonde ele me deixou
Procurei por todos os lados
Não vi que rumo tomou
Não sei aonde se meteu
O tal disco voador
Ou ele entrou no chão
Virou fumaça e exalou
Como cego em tiroteio
Agora para onde vou?
Uma voz falou baixinho
- acorda! você voltou
Se você leu essa história
Me liga se não gostou
Por favor, também aponta
As falhas que encontrou
Eu quero pedir desculpas
Aonde o poeta errou.
Domingo de manhãzinha fui pra roça passear
Levei um litrão da boa, se fizer frio eu tomar
Descendo de morro a baixo só ouvia pneu chiar
Montado numa magrela não demorei pra chegar
No ranchinho de sapé tenho de tudo por lá
Tenho um fogãozinho de lenha
Panela pra cozinhar
Tem lugar para dormir e rede para descansar
Em seguida fiz o rango
Botei carne pra assar
Tomei uma talagada para poder almoçar
Depois de beber um moca
Recostei para cochilar
Enquanto fazia o quilo
Deixava o sol esfriar
À tarde peguei a tralha
Fui pra lagoa pescar
Levei na minha capanga
Alguns anzóis para pindar
Escolhi um poço bom
E joguei um pouco de fubá
Para chamar os peixes grandes
Quando os pequenos juntar
Fiz um cigarro de palha para os mosquitos afastar
Peguei uns peixinhos miúdos
E fui jogando pra lá
Alguns pra fazer isca
Os maiores pra fritar
Vou comer tomando pinga
No rancho quando eu voltar
Apanhei uma linhada boa
E rodei ela no ar
Quando a isca bateu na água
Senti a linha pesar
Ferrei um peixão dos grandes
Quando eu ia faturar
De repente um chiado
E vi as árvores balançar
Com uma rajada de vento
Só faltou me derrubar
Soltei a linha da mão
E deixei o peixe levar
Em seguida no lajedo
Vi uma nave posar
Era uma coisa bem grande
Parecia de dois andar
Depois abriu uma porta
Vi algo movimentar
E uma figura estranha
Foi descendo devagar
Tipo um robô japonês
E começou a me encarar
E eu tremendo de medo
Quando ia levantar
Preparei para correr
Fiquei suspenso no ar
E aquilo voltou depressa
E começou a me levar
E já na porta da nave
Escorei pra não entrar
Fazia força nos pés
Não achava em que pegar
E aí não teve jeito
Quando vi já estava lá
Perguntei para o nanico
Para onde vai me levar
E nada me respondeu
Apenas mandou sentar
Numa poltrona estranha
Parece que fiquei colado
Com cinto de segurança
No corpo bem ajustado
Me botaram um capacete
De um metal muito pesado
Eu ali batendo o queixo
Com os olhos arregalados
O cabelo arrepiou
O coração acelerado
O sangue fugiu das veias
O corpo ficou gelado
Um líquido frio e sem gosto
Fui obrigado a tomar
Descendo de goela abaixo
Senti as tripas rosnar
E o sistema nervoso
Começou normalizar
Para escapar dali
Jeito nenhum encontrei
Eu falei comigo mesmo
Agora o trem ficou feio
E estava mais perdido
Do que cego em tiroteio
Aquilo deu um estrondo
Que a pedra rachou no meio
Foi um arranco tão grande
A coisa foi muito séria
Não sei como o coração não voou pela goela
Cheguei pensar que o espírito
Abandonou a matéria
Em seguida uma tela
Clareou na minha frente
Com palavra bem escrita
Mas com letra diferente
Dizendo não tenha medo
Fica tranqüilo parente
Nada vai acontecer
Pode confiar na gente
Esse painel é o meio para gente comunicar
O que deseja saber
Basta você pensar
E então quem são vocês?
Qual é o seu habitar?
Vocês são máquina ou gente?
Para onde vão me levar?
Somos de um mundo diferente
Da terra muito afastada
Há quinhentos milhões de anos
Já fomos muito atrasados
Tudo de ruim existia
Tinha conflito armado
Os países não se entendiam
Era um povo agitado
Hoje é bem diferente
De gente civilizado
Apesar de ser tão grande
Só por um é chefiado
Vamos dizer assim
Um sistema de reinado
De humano só temos o celebro
O corpo é fabricado
Construímos um corpo igual
Ao o outro que foi gerado
É muito mais resistente
O nosso crânio é blindado
A morte do nosso povo
É coisa do passado
Apesar de nosso corpo se criado pela gente
Nós somos de carne e osso
Nosso sangue é quente
E a vida não tinha graça com o corpo diferente
O combustível pesado
Há tempo foi esquecido
Todo sistema é elétrico
É um mundo despoluído
O meio de transporte é aéreo
E não existe ruído
Lá também se come carne
Legumes e vegetais
Os animais de abate
Tem vidas artificiais
Nossa terra produz tudo
Milho, arroz e feijão
Frutas de outros planetas
Uva, maçã e pião
E as que não são comestíveis
Usa pra fazer sabão
Lá existe um meio para fazer irrigação
Quando precisa de chuva
É só apertar o botão
Só cai na medida certa
Temos o controle nas mãos
Quantas horas de viagem da terra a esse lugar?
Com apenas cinco horas
Com certeza chega lá
Mais gastava menos tempo
Mais temos que atrasar
Com essa velocidade não podemos aterrissar
Temos que esperar um pouco para a rotação baixar
Deve ter a velocidade da luz para tão longe chegar?
Não, com essa velocidade muito tempo ia levar
Gastava quinhentos anos e talvez nem chegasse lá
A energia que usamos para as naves locomover
Foram dez mil anos de pesquisa
Batalhamos pra valer
Não adianta explicar
Você não vai entender
Já que estou viajando
Então me leva com você
Esse mundo tão estranho
Eu queria conhecer
Você não esta preparado
Para passeio bruscamente
Em um planeta habitado
Com vidas inteligentes
Levaria um grande susto
Que pode ficar doente
Vê um mundo avançado
Milhões de anos na frente
Depois desse bate papo
Chegamos em um lugar
A nave voou baixinho
Mais porem não quis pousar
Deu uma volta no planeta
Só a fim de mim mostrar
Era um enorme deserto
Não tinha nada por lá
Eu vi torre retorcida
Outras de pernas por lá
E também vi quatro luas
Naquele mundo a brilhar
Esta vendo esse gigante
É difícil acreditar
Que uma grande população
Habitou esse lugar
Parecia com a terra
Muito bom para plantar
Tinha rios de água doce, vegetação, peixe e mar
Vários tipos de animais
Embora bem diferente
Existiu um sapo gigante
E esse comia gente
Tinha uma língua de seis metros
Pegava longe o cliente
Comiam quatro ou cinco
Só no café da serpente
Por ser um animal enorme
Por isso tornava lento
Mais tinha uma estratégia
Era muito inteligente
Ela cavava um buraco
Entrava e ficava rente
E sempre em beira de estrada
Onde passava gente
Soltava um líquido das costas
E esse líquido produzia um lodo esverdeado
Que com pedra confundia
Como se fosse um tapete
De baixo a fera escondia
Ficava ali camuflado
E quem passava não via
Enxergava muito bem
Tinha faro e sentia
Até um pequeno inseto se mexesse ele ouvia
Enorme velocidade a língua desenvolvia
E na faixa de seis metros
Quem chegasse ali morria
Como se fosse uma galinha
Pegava um grilo e engolia
Rodava dentro da toca
A presa nem percebia
E se vinhesse por trás
A mesma sina trazia
Saia da loca a noite
Ia na fonte e bebia
Tomava um banho rotineiro
Voltava logo e dormia
Intestino de avestruz
Esse bicho possuía
Caindo na pança dele
Até osso derretia
Com tanta gente sumindo
A polícia desconfia
Denúncias e mais denúncias
Lotava a delegacia
Embora fosse remoto
Mais às vezes acontecia
Alguns deles davam azar
Quando o povo descobria
Levava uma chuva de bala
Estrebuchava e gemia
Depois dessa comilança
Carregada às baterias
A sua volta pra casa
Era o que ele mais queria
Nas cavernas mais profundas
Aonde o bichão vivia
Tinha sombra e água fresca
Era muita mordomia
Como não faltava nada
Só descansava e dormia
Com a gordura acumulada
Fome ele não sentia
Tinham todos nutrientes
Era um poço de energia
E ficava sem comer
Por mais de noventa dias
A sua sobrevivência, a gordura garantia.
Vamos deixar o sapão
Lá naqueles brocoto
E vamos voltar à história
De onde ele desviou
Aqui tinha prefeitura
Governador e reinado
Apesar de muito rico
Existia favelado
E também tinha ladrão
Matava por uns trocados
Queimava as florestas
Transforma em carvão
Para alimentar as indústrias
Que movimentava a nação
E com isso também vinha enorme poluição
Tinha assaltantes de banco
Pirataria no mar
Enormes embarcações
E praia pra bronzear
Uma guerra nuclear
Deixava o povo assustado
E os países mais poderosos
Armava seus aliados
Todos os paises possuíam
Para sua proteção
Míssil de longo alcance
Metralhadora e canhão
Artilharia pesada e fábrica de munição
Houve uma guerra atômica
Fizeram à cobra fumar
Foi um combate feroz
Por terra, água e ar
O mundo escureceu
O sol deixou de brilhar
E tudo ali morreu
Não sobrou nada por lá
A terra esquentou tanto
Que as águas do mar ferveu
A seiscentos milhões de anos
Que esse planeta morreu
Ali não existe nada
Quem tinha vida perdeu
Aqui termina o passeio
Agora vamos voltar
Trouxemos você aqui
Apenas para alertar
Mais porque os seres humanos
Destrói o seu próprio habitar
A camada de ozônio
Já começou a desmanchar
As geleiras derretendo
Subindo o nível do mar
E quem tem os poderes na mão
Nada faz para salvar
Sentado de camarote
Espera o barco afundar
Estão mais interessados
É em arma nuclear
As matas e os cerrados
Seguem o mesmo caminho
Arranca para fazer carvão
Outros para plantar capim
Nesse embalo que vai
Não demora vai ter fim
Teste muito perigoso
Se realizou no mar
O impacto foi tão forte
Que a terra vibrou por lá
O perigo de usina nuclear,
Se às vezes alguém pergunta
Se não existe perigo de alguma coisa vazar
Eles têm na ponta da língua
Resposta pronta para dar
- Não têm perigo nenhum
- É bem seguro por lá
E quando acontece um desastre
Logo na televisão aparece um de terno
Para dar explicação
- Foi um parafusinho do cilindro que soltou
- O vazamento foi pequeno
- A gente já concertou
- Isso não repete mais
Até por Deus ele jurou
Querendo enganar o povo
Mais ninguém acreditou
Não foi por falta de alerta
Inventa outro doutor
A serpente foi embora
A corrente arrebentou
O monstro agora está solto
Vai devorar quem criou
O mundo corre perigo
E foram vocês que causou
Arma de destruição
Cada vez aumenta mais
Enquanto pensar assim
O mundo não terá paz
E outros morrem a mingua
Sem direito a hospitais
O resultado das guerras
É o povo na miséria
E quem não morre na bala
Fica com grandes seqüelas
Alguns sambando nas ruas
Gritando “agita galera”
Joga beijo para a estátua
Dizendo ”você é bela”
Outros fogem para as matas
Mais cai em uma esparrela
Passam uma fome tão grande
Que pode contar as costelas
Dentro das grunas entocados
Morre de febre amarela
Tem alguns filhos de rico
Por não ter o que fazer
Dinheiro, muito dinheiro
Carro importado e lazer
Bota fogo no mendigo
Só pra ver ele correr
Foge dando gargalhada
Procura um bar pra beber
Dizendo da próxima vez
Quem risca o fósforo é você
Um deles até falou:
- e se aquele cara morrer?
O outro disse:
- e daí, nunca vai ser descoberto
- não deixamos ninguém ver
- é, mais alguém anotou a placa,
- e voltou para socorrer
Veja o que eles falaram quando foi interrogado:
- em um abrigo de ônibus vimos um homem deitado
- pensamos que era um mendigo
- estava num sono ferrado
- e ele dormia muito
- pelo tipo do roncado
- De fazer essa brincadeira foi idéia do chegado
- voltamos e compramos o álcool num posto pertinho ao lado
- Jogamos em cima dele
- mais não ficou ensopado
- e quando lançamos a chama
- ele deu uns pulos engraçados
- nós não queríamos matar
- só divertir um bocado
“Vocês tiveram muita sorte”, respondeu o delegado
- de ter nascido aqui
- nesse chão abençoado
- Se fosse em outros paises
- hoje vocês eram finados
- e se fosse lá na china
- eram todos fuzilados
Foi uma longa viajem
Em um disco voador
Passei bem pertinho do sol
Até senti o calor
Vi larvas incandescentes
Quando a nave atravessou
Em um lugar muito rochoso
Aonde ele me deixou
Procurei por todos os lados
Não vi que rumo tomou
Não sei aonde se meteu
O tal disco voador
Ou ele entrou no chão
Virou fumaça e exalou
Como cego em tiroteio
Agora para onde vou?
Uma voz falou baixinho
- acorda! você voltou
Se você leu essa história
Me liga se não gostou
Por favor, também aponta
As falhas que encontrou
Eu quero pedir desculpas
Aonde o poeta errou.