CONTOS ENCANTADOS EM CORDEL: O BARBA AZUL- CHARLES PERRAULT/ VERSÃO EM CORDEL: SÍRLIA LIMA
Amigos leitores
Venho aqui vos alegrar
Revirando meu baú
Outra história vou contar
Conheces o Barba Azul?
Eu vou lhe apresentar
Era uma vez um homem
Que vivia numa cidade
Muito cheio de riquezas
Mas tinha dificuldade
De encontrar alguém
Para a sua felicidade
Sua casa era repleta
De móveis com estofamento
Carruagens douradas
Para o entretenimento
Por causa de sua barba
Não achava casamento
As moças dele fugiam
Não queriam nem olhar
Aquela barba azul
Era de assustar
Mesmo com tanto dinheiro
Ninguém queria arriscar
A uma de suas vizinhas
Senhora de posição
Possuía duas filhas
E queria permissão
Para casar com uma delas
E pediu a sua mão
A moça relutou
Não queria aceitar
Ninguém sabe o mistério
Que ele vive a ocultar
Suas antigas esposas
Ninguém pode encontrar
O Barba Azul preocupado
Quis então interagir
Convidou toda a família
Para então se divertir
Uma festa na fazenda
Não deixaram de curtir
Logo depois da festa
Desfez-se a má impressão
Eu caso com esse homem
Não faço tanta questão
Penso que exagerei
Na minha interpretação
O Barba Azul e a moça
Tiveram entendimento
Dentro de pouco tempo
Deu-se logo o casamento
Barba Azul todo contente
Conseguiu o seu intento
Barba Azul com a esposa
Ficou todo confiante
Disse a ela que faria
Uma viagem importante
Entregou todas as chaves
Para sentir-se confiante
Disse a ela que podia
Sua mansão demonstrar
Chame as suas amigas
Pra poderem desfrutar
De todo o conforto
Que tens no nosso lar
Antes de sair
Fez uma recomendação
Somente essa chave
Eu não te dou permissão
Até o meu tesouro
Eu deixei em tua mão
Prometeu cumprir a risca
Tudo que foi ordenado
Sua curiosidade
Incitou-lhe um bocado
Enquanto as amigas
Aproveitavam o achado
Ficaram abismadas
Sentiram euforia
Tanta magnitude
Ouro que reluzia
Emoldurando as vidraças
Elegante prataria
A moça recém casada
Ficou sem ação
Parada e pensativa
Com a chave na mão
Sem saber qual o mistério
Agitava o coração
A curiosidade deixava
A moça impaciente
Mesmo sabendo que
Seria desobediente
Resolveu tirar a dúvida
Era mais inteligente
Quando abriu a porta
Do cubículo fechado
Viu o assoalho coberto
Com sangue coagulado
Eram as antigas esposas
Que ele tinha estrangulado
Ela teve tremedeira
Por tudo o que tinha olhado
A chave caiu no chão
Viu que tivera manchado
Mas o sangue não saia
Parecia encantado
O Barba azul retornou
Da viagem que fazia
Perguntando pelas chaves
E notando a agonia
Notava que a mão da esposa
Balançava e tremia
O Barba Azul enfurecido
Começou a reclamar
Eu falei que a chave pequena
Não poderias usar
Agora que descobristes
Junto a elas vais ficar
A moça gritou chorando
E gritava num gemido
Só queria descobrir
O que tinha acontecido
Com as antigas esposas
Não te sintas ofendido
Barba Azul nem ligou
Nem mudou seu proceder
Disse a sua senhora
Madame tu vais morrer
Quem mandou ser teimosa?
Agora vais aprender
Já que eu tenho que morrer
Peço-te com aflição
Dê-me ao menos um tempinho
De fazer uma oração
Já cometi um erro
Vou pedir o meu perdão
Um quarto de hora
Vou então te conceder
Quando passar esse tempo
Tu vais desaparecer
Quem mandou você ousar
Você fez por merecer
O Barba Azul gritou bem alto
Prepare-seque eu vou subir
A moça gritou por Ana
Sua irmã pra intervir
Olhar do alto da torre
Os irmãos que estão por vir
A moça gritava alto
Em som angustiante
Ana, e os meus irmãos?
Não vês nesse instante?
Preciso de sua ajuda
Pra livrar-me do gigante
Não vejo nada de novo
Só o sol que soleja
E a grama que verdeja
A moça imaginava
Ser servida na bandeja
Ana, não vês nada?
Que vem vindo ali ao longe
Peço a ajuda de alguém
Nem que seja de um monge
Com o meu desespero
Pode ser um camafonge
Barba Azul impaciente
Mal podia esperar
Com o facão na mão
Já iria decepar
Já estavam a caminho
Quem iria lhe salvar
Os irmãos então chegaram
Disseram abra ligeiro
Um deles era um Dragão
O outro um Mosqueiro
E salvaram a irmã
Com um golpe bem certeiro
Descobriu-se com o tempo
Que ele não tinha herdeiro
Por isso a esposa
Herdou todo o dinheiro
Para encontrar um homem
Honesto e bem faceiro
Muito tempo se passou
E um conselho dar
Escolha bem seu parceiro
Na hora de se casar
Existem pessoas sinistras
Que gostam de disfarçar
A todos os leitores
Agradeço a atenção
Dessa história tão antiga
Fiz a minha versão
Nos versos de Sírlia Lima
Bem Te Vi da Educação