BAGAÇOS DO ENGENHO
Os bagaços do engenho
Retornaram-me ao passado
No comentário de um texto
Que a mim foi enviado.
Quanta saudade eu tenho
Daquela sofrida labuta
Nas madrugadas geladas
Tangendo os bois no engenho
Enfrentando a vida dura
Em nossa incessante luta
Fabricando rapadura
Na imensa escuridão
Contemplando o teto do infinito
Com milhões de estrelas a cintilar
Ouvindo o insistente grito
De um urutau Lá no seu lar
Aspirando o delicioso perfume
Roubado das flores silvestres
Levado pelas asas da brisa
Em profusão com os vaga-lumes
A voar Incertos na paisagem campestre
Pelas encostas do vale picão
No advento do seu arrebol
Em período de gestação
Adormecido estava o sol
Embrionado no horizonte
Preparando-se para colorir
O majestoso Vale serras e monte
Envoltos por uma densa cortina
Aonde os bagaços da cana
Espalhados em camadas fina
Cobertos por uma toalha rendada
Tecida da branca neblina
Tricotada pela geada
Com este cenário do passado
Veio-me um doce acalanto
Enviado em um gentil comentário
De um amigo deste Recanto
Remexendo o baú da recordação
Há meio século guardado
Nas entranhas do meu coração
Com o mesmo carinho e o brilho
Deste colega Poeta inusitado
Dileto amigo... J.Estanislau Filho
Pra quem eu digo... Muito obrigado!