"MEU PAVIO"

“Seu” Doutor. Meu “camarada”

Era um cuspidor de fogo

E por mais duro o jogo

Ganhava de goleada

Topava qualquer parada

Não arredava de um desafio

Agora perdeu o brio

E todo o seu vigor

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

Antes era só animação

Vivia de cabeça em pé

Em matéria de mulher

Sabia decor a lição

Ele hoje é um vulcão

Adormecido e frio

E do perfume do cio

Não sente mais o seu odor

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

Era duro feito um taco

Desses de beisebol

Hoje parece um anzol

Vive encostado no saco

Pra levantar este fraco

Nem um balaio de xibio

Ou conectado a um fio

Ligado num gerador

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

Já fiz muita simpatia

De reza pra São Crispim

Catuaba, amendoim

Já tomei sopa de jia

Até já fiz romaria

Entrei sete vezes no rio

Minha namorada eu espio

Me pedindo por favor

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

Antes ele fazia um banquete

Com loira, ruiva ou morena

Uma mulata pequena

Uma branquinha feito leite

Não esmorecia o “porrete”

Contando de um a mil

Hoje ele perdeu o poderio

E na cueca se “prostô”

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

A minha mulher Hortência

Uma doce criatura

Por não ver a “coisa” dura

Ela perdeu a paciência

Falou-me com veemência

Vá pra puta que o pariu

Pegou a mala e partiu

É minha historia doutor

Já não faço mais amor

Por que murchou meu pavio.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 25/03/2011
Reeditado em 26/05/2014
Código do texto: T2869599
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