"MEU PAVIO"
“Seu” Doutor. Meu “camarada”
Era um cuspidor de fogo
E por mais duro o jogo
Ganhava de goleada
Topava qualquer parada
Não arredava de um desafio
Agora perdeu o brio
E todo o seu vigor
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.
Antes era só animação
Vivia de cabeça em pé
Em matéria de mulher
Sabia decor a lição
Ele hoje é um vulcão
Adormecido e frio
E do perfume do cio
Não sente mais o seu odor
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.
Era duro feito um taco
Desses de beisebol
Hoje parece um anzol
Vive encostado no saco
Pra levantar este fraco
Nem um balaio de xibio
Ou conectado a um fio
Ligado num gerador
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.
Já fiz muita simpatia
De reza pra São Crispim
Catuaba, amendoim
Já tomei sopa de jia
Até já fiz romaria
Entrei sete vezes no rio
Minha namorada eu espio
Me pedindo por favor
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.
Antes ele fazia um banquete
Com loira, ruiva ou morena
Uma mulata pequena
Uma branquinha feito leite
Não esmorecia o “porrete”
Contando de um a mil
Hoje ele perdeu o poderio
E na cueca se “prostô”
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.
A minha mulher Hortência
Uma doce criatura
Por não ver a “coisa” dura
Ela perdeu a paciência
Falou-me com veemência
Vá pra puta que o pariu
Pegou a mala e partiu
É minha historia doutor
Já não faço mais amor
Por que murchou meu pavio.