Aboio (dos vaqueiros do Sertão Nordestino)
Saudade de um tempo que não vivi
(aboio)
Ê, ê ,ê, vida de gaaado,
que saudade é essa,
de um tempo que não vivi,
na terra dos meus avós,
onde cantavam os juritis...
Bis...
quando vejo uma novilha,
saltitando na boiaaada
soltando poeira do chão
lembro das forquilhas,
margeando as vaquejadas
nas festas de apartaçããão,
..... ê,ê.ê... vida de gaado
vejo meu avô trajando sua jaqueta de couro
chapéu, perneira, e gibão,
correndo boi desgarrado nas quebradas do sertããão ......
aínda novo e valente gozando de perfeita visããão....
ê ê ô ô boi ê ha!
Bis,
quando lembro disso amigo,
recordo de um tempo antigo
um tempo que não foi meu
onde só meus antepassados
naquele tempo viveeeu....
ê ê ô,ô,ô.... vida de gaaado ....
era um tempo de seca,
que assolava o sertão, ....
esse tempo eu não vivi,
mas tá na minha imaginação,
só o tempo que conheci,
aconteceu mais para frente,
meu avô, velho, cego e doente,
pra tudo e de todos dependente,
na mais completa escuridão..
.ê, ê,ê vida de gado
que saudade é essa,
de um tempo que não vivi,
na terra dos meus avós,
onde cantavam os juritis...
hoje ele está correndo nas vaquejadas lá do céu,
Com certeza anda montado num divino corcel
não monta mais seu cavalo,
nem derruba boi no chão,
mas tem seu nome gravado
dentro do meu coraçããão ...
.... ê, ê, ê vida de gaaado.
Marconde Cantarelli