SAUDADE DA GARÇA BRANCA

Oia sô moço parriba no azur du Céu

Aquela berezura paricida cum véu

É ua garça branca avuano livre no à

Vêio mode fazê ieu mexê calembrança e recordà

Cuando vejo seu monobrado de asa

Quais morro de sardade dos povos La de casa

Nossa casinha donde nois morava

Tinha quais nada sóqui amô num fartava

Pirtim do rio picão rudiado dos brejais

Donde ieu brincava inté num podemais

Cus mininu da vizinhança primo tomem

Correno nas vage pescano iventado cadas trem

A canela breiada daquere barro argilôso

Asfruta dos matos gabiroba bacupari tudim gostoso

Qui nois cumia correno atrais dos passarim

Iscuitano ês na canturia bunita nas moitas de capim

Vêis inquandu nois atrais das moitas sortava um grito

Só mode vê a brancura das garças manchano o azur infinito

Esse tempo mudô ieu sei qui num vorta mais

Inté as garça tomem mudô sumiu daquês brejais

Ma as recodação essa num acaba não

Fica aqui martelano pru dento do peito no coração

Mais o qui sse pode fazê nessa maluca currida

A nun cê ficá alembrano destempo bão davida

Inté os vento assoprano o contraro do passarinho avuano

Na peleja da garça branca nu mei dere suas asas manobano

Os bandos arruchiado das rulinha cardo de feijão

Nas noites de temporá qui fazia inté a terra tremê cus truvão

Tudo isso fais sardade fais a gente recordá num tem jeito

Mexe vira viramexe tem mucado disso rimueno dento do meu peito!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/12/2010
Código do texto: T2674694
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