UM PUM ESCAPULIDO (veridico)
Embora criada na roça sem muita instrução
Tinha traços de granfina e muita educação
Conversava sempre na letra com espírito de grandeza
Esnobava sua pose seu carisma e sua riqueza
Casada com fazendeiro, homem de certa posição
Que apoiava seu estilo e seu dialeto jargão
O apelido era quinha carinhosamente conhecida
Maria Joana era o nome pela mãe escolhida
Mas tem um ditado no sertão, não sei qual foi seu autor
No seu dizer ensina ele, um bobo calado se passa por doutor
O casal foi convidado pra festança dos eleitos
Viajaram pra cidade, era posse do prefeito
Na grande efemeridade, apresentada a um senador
Ele pergunta sua graça pra discursar em seu louvor
Meu nome Maria Joana, pode me chamar por quinha
Apelido carinhoso, dado por minha mãezinha
Discursando o senador politiqueiro como só, pra puxar sua sardinha
Atenciosamente ele citou – saudo a “dona porquinha”
Pelo prazer em conhecer, todos riram pra valer daquele mal entendido
Pelo lapso cometido, a partir daquela data mudaram seu apelido
Indo loja fazer compras elegânte toda charmosa
Escapuliu um enorme pum uma catinga horrorosa
Ao sair esqueceu sua sombrinha numa estante pendurada
Voltou pensando na gafe muito tímida encabulada
Trocou as bolas ao abordar a balconista – olá querida voltei!
Acaso não viu meu pum por aí? – Senhora sua sombrinha eu guardei
Agora o pum se dependesse de nossa boa vontade
Jamais perderia esta sua tão nobre preciosidade
Se não foi sorvido pela clientela ou o vento não o levou
Esteja à vontade para resgatar o que dele restou
Porquinha viu o mundo lhe fugir dos pés, meteu a viola no saco
Voltou pra sua roça desejando enfiar a cara no mais profundo buraco.