PALHOÇA DE UM CAIPIRA

É no coração da mata a palhoça de Zé

Paredes amarradas de cipó cobertura de sapé

Apenas uma porta janela num tem não

Um girau de quatro estacas emcimando seu fogão

Lamparina e cafeteira embaçada de fumaça

Duas panelas pretas um pote um coité e a cabaça

Sua enxada uma foice um machado e o facão

Seu girau de dormir forrado de capim mumbéca

Sua calça remendada uma camisa e a cueca

Cobertor de algodão travesseiro de baru

Espingarda fulminante chapéu casco de tatu

Como sinal de sua fé um rosário pendurado

Bacia fundo de pau um pilão velho furado

Um par de polainas alpercata de couro cru

Plantados no terreiro as ervas de fazer chá

Marcelinha boldo losma alfavaca e manacá

Cravo da índia cebolinha uma roseira bem florida

Uma grama verdinha entremeada de margarida

Vale à pena conhecer a choupana do Zé

Murmúrios da cachoeira o grunhir do chipanzé

Á cantar os passarinhos orquestrando a natureza

E outras tantas maravilhas coisas de rara beleza

Se passar por lá algum dia faça uma parada

Vai encantar com a musicalidade ali orquestrada

Não deixe de apreciar a maravilha que É

E compreenderá o porquê da felicidade do Zé

O matuto rude caipira, chucro sem nenhuma istrução

Mas tem o mais importante... Deus no coração

Si quer sabe uma letra é analfabeto de corpo e alma

Memo assim vive feliz no seu paraíso tranqüilo com toda calma!

Zé é parte do folclore brasileiro é também um ser humano

Em harmonia com o meio ambiente sua vida vai levando

Sem cultura independente a qualquer avanço tecnológico

Sua vivencia sua choupana é um belo quadro ecológico

Indiferente ao luxo sem dar bolas para o mundo La fora

Apreciando a natureza e toda a diversidade da fauna e flora

É uma prova autêntica que para se viver basta ter felicidade

Longe da ganância infernal das drogas e agitações da cidade

Feixe os olhos por um instante imagine tu no lugar Zé

Ouça o ranger das galhadas levadas pela brisa que maravilha É

A dança das gotículas de chuva como cristais nas folhas da mata

A cachoeira rolando pedras no rio, murmúrios de belas cascatas!

As aves pantaneiras aos bandos com seus pios acima dos montes

A buscar seus ninhos se confundindo com as nuvens distantes

Enquanto milhões de vaga-lumes como as estrelas brilham no céu

Plumas brancas de neblina que vão subindo... Vagam sem rumo ao léu!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/10/2010
Reeditado em 22/10/2010
Código do texto: T2571487
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