CAIPIRA MOENDO CANA
Que sodade sinto agora
Do Ingenho no passado
Madruga ronpeno orora
E o chero do melado
Boi no ingenho eu tocano
Andano in roda sem Pará
Moveno sua armanjarra
Mode a cana isbagaçá
Oiano pra istrela darva
Cum vontade de drumi
Muita cana quinda restava
Mode agente concrui
Garapa ferveno ispaino o chero
Rapadura in apuração
Apertano o tachero
Sinar de sol no horizonte
A garça e o gavião
Já deceno La dos montes
Garapa do pé da cana
Eu gostava de bebê
Meu corpo pidino cama
Muita cana pra muê!
Tive essa vida dura
No tempo de eu criança
Fabricano rapadura
Que sodade dessa infancia
Se era noite de luá
Paricia tão bunito
Eu ficava a contemprà
La no arto do infinito
Vendo as nuve a brincá
Sartano quinem cabrito
Tampano o rosto da lua
Mode ela num crariá
Mais se fosse escuridão
E o céu todo istrelado
Tomem-me achava bão
Tudo era conteprado.
Agradeço Deus o nosso criadô
Que me deu a sastifação
Coisa que dô muito valô
De conhecê esses dois lados
E podê apriciá a grande evolução
Eu um caipira que num istudô
Sentado nuha mesa apertano esses butão
Do tar computadô
Viajano mundo intero em tar ternete
Parece inté sonho sô!
Primero andei de pé
De cavalo carro de boi
Nas artura eu nunca imaginei
Que um dia ia andá
Mais dirrepente viajei
Nun tar de jato a gente foi
Inrriba daquelas nuves
Adonde fui me lembrá
Dos dias de carça curta
Queu gostava de contemprá
Sabe duha coisa fui priviligiado
Pra oceis eu vô contá
Sô um matuto que num istudei
Mais ca pra nois fui premiado
Pois cunheço esses dois lado
Antigamente o que num era
Pramim esse caipirão
Agora é tudo do meu agrado
Computadô célulá e tevelizão
Tudinho me foi dado
Já pensô... Danado de bão!