Comunidade Arranca-rabo.
Um dia em que eu estava cismando, encontrando-me a navegar, sem nada para fazer, na net uma comunidade encontrei.
Rica, com personagens tão diversos, homens e mulheres complexos; um sarapatel de nuances – umas tristes, outras engraçadas.
O nome dela? Acho que já me esqueci: faz tempo que por lá andei. Soa-me algo como “Quartinho” – só me lembro das muitas risadas que dei.
Havia de tudo no quadro, à disposição do freguês: tinha Zefa do Patuá que macho não podia ver – assim que o pobre aparecia, ela partia prá agarrar, sem perda de tempo com conversas fiadas.
A confusão me é tanta que o nome não consigo lembrar: o esquecimento em mim se agiganta: às vezes penso ser “Mundinho”, a mente me diz que é “Murinho”, o nome da tal comunidade.
Voltando a falar das personas que nesta comu encontrei: um Louco posando de Rei, uma Princesa bichada, um Sapo bichado buscando - uma foto atrás da outra a pobre vivia postando.
Tinha uma alemã melindrosa, outra alemã das Gerais, uma morena sestrosa, mimada até por demais; tinha até um gay escondido no armário, (sinal de modernidade) a todo o momento ameaçando suicídio, pondo em polvorosa a cidade.
Um Samurai machucado, andando meio sem jeito, uma dama cheia de peitos, um janota lutando judô; uma anã no taekondô, outras nas academias, a passar as horas zanzando.
Essa comu é da hora: não há defeito a botar. Nela tem briga de hora em hora, não falta um bom pega-prá-capar – lá. monotonia não tem.
Nessa comu tem de um tudo: tem uns cabras bem barrigudos, umas moças fora de forma, com batom vermelho na boca – dizem as más línguas que lá tem também até homem chifrudo.
Tem umas viúvas charmosas, umas vovós bem lampeiras, uns bêbados descendo a ladeira atrás de cerveja enlatada no boteco do Mané Vintém.
Mas nessa seara eu não entro: vai que os cabras se zanguem comigo (com eles não sei se eu agüento.) e queiram me pegar nas esquinas? – nessa comu tem muito macho marrudo.
Continuando a falar dessa comu tão famosa: tem uma princesa, (Essa é de fato!) uma loirinha linda, um encanto, e um poeta descabelado - dizem que foi inaugurado um boteco de engasga-gato;
Tem até um gato de carne e osso (na verdade, mais pelo que gato), uma bruxa que perdeu a vassoura, uma viscondessa de sabugosa, um saci-pererê de tocaia.
Tem fake rondando que é mato, erva daninha, rasteira; uns aparecem vestido com garbo, parecendo príncipes encantados - outros vêm mesmo despidos, exibindo pouco ou nenhum recato.
Tem gente de todo tipo: uns jovens, outros nem tanto; tem uns que se vestem com charme, outras, glamorosas, aparecem, em lindos vestidos tomara-que-caia.
Mas é uma comu sem igual: tem namoro no canto da sala, aonde ninguém pode olhar; tem sala de bate-papo – a procura por lá é tanta que tem funil para admissões.
Mas o nome dessa danada à minha memória não vem. Penso: “-será “de Ladinho”?” o nome que essa comu tem? Como é que fui me esquecer de canto tão aprazível?
Os arranca-rabos de lá se resolvem todos a contento: às vezes a carnificina deixa uns mortos, outros aleijados, salvando-se todos ao final da refrega, sem graves escoriações.
Essa comu é perfeita: tem louco de todo tipo, cada um do jeito que lhe convém – até agora não vi nenhum deles rasgando nota de cem. (Só encenando loucura, buscando o tédio enganar – missão que é quase impossível)
No virtual tudo se faz: até essa comu sem Espelho; em nenhum canto da net tem mundo assim tão completo; olha que andei por Europa, por Ásia e África também,
Mas foi só neste cu de mundo, nessa perdida América do Sul, que esta comu fui achar. Que diacho!!! O nome dela não acho; não consigo mais recordar. Será que algum de vocês poderia essa comu encontrar?
Se acaso toparem com ela, queiram seu endereço enviar. Eternamente grato serei a quem a esse mister se lançar – (Se a estas afrontas não sobreviver, visitá-la-ei do Além.)
Meu testemunho aqui fica dessa comu que o nome não guardo. Mas, como sou previdente, colocar-me-ei de resguardo – depois de aprontar tanta arte, reservei um vôo prá Marte, pois lá sei que ninguém vai me achar.
Terras de São Paulo, tarde/noite da segunda Sexta-Feira de Setembro de 2010
João Bosco