DIVERSIDADE
O baiano fala "oxente"
"Mãinha, "mele" e "fuá;"
O gaúcho fala "tchê",
Isto é muito naturá.
Se o carioca chia
E o nortista diz "miafia"
Nada dissso tem a vê
Pois num nascemo iguá.
Há o francêis, o alemão,
Etcetera coisa e tá.
Há o ingrêis, intaliano
Mas nóis num semo de lá.
Aprendemo o Purtuguêis
Prá fazê a nossa vêis
Colheno língua, prantano
Prá nossa marca deixá.
O pruquê de um só fala
Vomitano babosêra?
O Purtuguêis é um só
Mas é cuma o espanhó
Tem lá as sua trinchêra
Cada gente tem seu jeito
Qui num pode ser disfeito
Nem mermo pur brincadêra.
Respeito para a linguage
Cunhicimento e sensação
É a forma eficiente
De se alargá a visão
Vê as coisa diferente
Cuma o sê que pensa e sente
Se home num crê in home
Cuma se pode ser gente?
Nem tudo pode ser regra
Nem acabado nem pronto
O mundo se movimenta
Criano linhas e pontos
Nada sabe o sabe-tudo
E disso num me iludo
Sê iguá na diferença
Aí reside o encanto.
Filiz aquele qui sabe
Ligá escola e vive
Lição qui é dada viveno
É difícil de esquecer
A escola só mióra
Num é diproma ou cartola
Qui fais o pensar sabeno
Pois num fabrica o sabê.
A linguage de um povo
É sua a(l)rma ser ar
É o seu próprio retrato
Nóis semo o nosso pensá
Trabaiano e estudano
Cresceno e germinano
Pru mundo também mudá.
Para meu leitô amigo
Que ouve a minha fala
Num limite a visão
Na lente fria da sala
Lá fora tá o mundão
Lambeno o conhicimento
Respeite a diversidade
A mãe do cunhicimento.