ROMANCE E CORDEL COM MILITANA NO CÉU

Amigo peço licença

Para homenagear

A maior romanceira

Do estado potiguar

Se chamava Militana

E no céu já foi morar

Ela guardava os romances

Da tradição oral

Contadora de Histórias

Como ela não tinha igual

Relembrava os enredos

Da era medieval

Nascida em São Gonçalo

Lá no Sítio de Oiteiros

Nasceu na comunidade

Santo Antônio dos Barreiros

Seu pai lhe contava histórias

De heróis a cangaceiros

Sobre o seu nascimento

Disse com voz bem marcante:

- Em dia 19 de março

A lua estava minguante

No lugar em que nasci

São Gonçalo do Amarante

As histórias repassadas

Têm majestade e alteza

Tinham muitos personagens

Fadas, reis e as princesas

Militana as contava

Dando a elas realeza

Quando a história contada

Tem por traz um precursor

Seu Atanásio foi

Um grande incentivador

O folheto de cordel

Foi o grande tradutor

A origem das histórias

Tem cultura exotérica

É um grande caldeirão

Afro, Mouro e Ibérica

Considero Militana

A melhor de toda América

Na casa de Militana

Tudo era simplicidade

Sempre a vinha visitar

Gente de toda a cidade

Que saia encantada

Cheia de felicidade

A obra de Militana

Sempre esteve interligada

Com seu modo de viver

Nunca esteve separada

Por meio dos seus romances

A lição era ensinada

Se você se se concentrar

Para ouvir a melodia

Que invocava outro tempo

No contexto que havia

Cada uma das canções

Tem um toque de poesia.

Militana sempre foi

Uma grande matriarca

Com família numerosa

Juntou todos numa barca

Seu coração era enorme

Como o de Noé da Arca

Graças aos pesquisadores

Ela não foi esquecida

Deixou obras registradas

Relíquias feitas em vida

E Deífilo Gurgel

Dorme de cabeça erguida

Graças ao belo projeto

De uma grande dimensão

Feito pela equipe

Da Fundação Hélio Galvão

Registrou a sonoridade

Cá da nossa região

No objeto de estudo

Tinha pouca intervenção

Queria manter as raízes

Pra não ter alteração

Respeitando seu ritmo

E sua variação

E a Dona Militana

Tinha a alma estradeira

Todos achavam-na sábia

Também era rezadeira

Curava um mau olhado

Era boa benzedeira

As histórias que contava

Em espaço itinerante

Viajou até São Paulo

Foi ao Teatro Brincante

Divulgar nossa cultura

Para ir mais adiante

O valor desses romances

São bem fundamentais

Participou da jornada

De Estudos Medievais

Quem conheceu Militana

Não a esquece jamais

Pois Militana estará

Pra sempre em nossa lembrança

Ouviremos seus cânticos

Pra reviver a criança

Que está dentro de nós

Reacendendo a esperança

Agora me despeço

Com amor no coração

Deixo aqui nesses versos

Toda a minha emoção

Eu me chamo Sírlia Lima

Bem ti vi da educação

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 24/06/2010
Reeditado em 09/05/2024
Código do texto: T2338409
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