Problemas Sociais – Acorda, Brasil!
Damião Metamorfose e Tarcísio Mota
DM - Quando chamei pra versar,
Esse amante do cordel.
Sabia que um menestrel,
Eu ia ter que enfrentar.
Primeiro, foi de arrasar.
Segundo, foi colossal.
Terceiro, foi genial.
E o quarto que inicia,
Vai ter plebe e burguesia,
Vai ser critica social.
TM - Se todo homem é igual
Perante Deus e a lei
Como pode, escravo e rei
Ou patrão e serviçal?
Foi um motivo banal,
Grande a contradição
Subjugamos então
Os homens por sua cor
Foi por falta de amor
Que se deu a escravidão
DM - Por excesso de ambição
O homem se apoderou
Das terras que Deus deixou
Fez de escravo o seu irmão
Com essa limitação
O mundo foi demarcado
Quem ficou do outro lado
E não conseguiu riquezas
Ganhou as sobras das mesas
Do mundo globalizado.
TM - O mundo tá revirado,
Com a globalização
A falta de informação
Ainda tem seu reinado,
Mas eu fico preocupado
Com criança sem escola
Futuro é pedir esmola
Uma função desumana
Sem um emprego bacana
Ou a feira na sacola
DM - O salário não decola
A inflação que aumenta
A violência fermenta
Poder na mão dum cartola
É abafa, esconde, isola
O crime do colarinho
Transformam água em vinho
Pena que é falsificado
É tudo pirateado
Na terra do canarinho.
TM - Família não dá carinho
Fazem filhos por fazer
Malmente ensinam ler
O moleque coitadinho
Vai se criando sozinho
Lhe dão pouca atenção
Só a surra é de montão
Vai crescendo no veneno
E seu sonho de pequeno
Já é se tornar ladrão
DM - País sem educação
E pais sem planejamento
Às vezes nem o sustento
Supre a sua precisão
É irmão matando irmão
Pai e mãe matando filho
É um trem fora do trilho
Com um cego no comando
E o povo atrás gritando
Aperte e solte o gatilho.
TM - Das balas me desvencilho
Tiroteio é todo dia
O Brasil em agonia
É da morte um andarilho
O colete é espartilho
A roupa é armadura
Sair a noite é bravura
Pode ir e não voltar
Eu não ouso me arriscar
Pois eu sei que é loucura
DM - Alem de uma fechadura,
Há mentes com aflição
A casa virou prisão.
Nas ruas uma mistura,
De luxo, lixo e loucura.
Anjos que são viciados,
Compram e vendem pecados.
A carne é um apelo,
Esse é um país modelo
Pra políticos descarados.
TM - Com os valores trocados
Fazem errado pelo certo
É preciso andar esperto
Pra não sermos enganados
Malandros por todos lados
Roubam sem nenhum pudor
A senhora, o senhor
Também podem estar na mira
Logo, logo o mundo pira
Ou se acaba em rancor
DM - A política do favor
Impede a burocracia
Paternalismo hoje em dia
Já não quer dizer amor
Floresta mudou de cor
E perdeu as dimensões
Virou piso em mansões
Ou o fogo fez clareira
E o que sobrou da madeira
Caiu na mão dos ladrões.
TM - Os heróis são os vilões
Nos programas da tevê
Tenho pena de quem vê
E crê em contradições
Já não mostram corações
Como aqueles de outrora
Daqueles que a moça chora
E sofre com a despedida
Hoje a novela é bandida
Qualquer um se apavora
DM - Curupira e caipora
Não tem selva pra morar
Lobo raposa e guará
Quem não morreu foi embora
Destruíram fauna e flora
Da foz do rio a nascente
Todo tipo de serpente
Hoje vive nas cidades
Por causa da crueldade
Do bicho chamado gente
TM - O mundo era diferente
Quando teve a criação
Todo vivente era irmão
Não havia indigente
Mas hoje, indiferente
A fome e morte alheia
Não repartem mais a ceia
Vejo o homem sem amor
Se à vida não dão valor
Ela se torna mais feia
DM - Inventaram a cadeia
Para prender inocente
O bandido inteligente
Vive da desgraça alheia
Pra coisa ficar mais feia
Tem um tal de advogado
Que solta quem é culpado
Assassino ou delinqüente
Quem ta na linha de frente
Ou corre ou é esmagado.
TM - E sendo assim tá lascado!
O pobre, mesmo direito
Leva bala pelo peito
De um policia revoltado
Com o salário atrasado,
E falta de bom preparo
Um competente é raro;
É triste a situação
Nossa segurança, então
Parece não ter reparo
DM - Às vezes eu me deparo
Com crianças pelas ruas
Famintas e quase nuas
Precisando de amparo
Faço o que posso, é claro.
Porque gosto de ajudar
Elas precisam estudar
Precisam casa e mobília
O conforto da família
Enfim, precisam de um lar.
TM - É muito bom praticar
O bem aos desconhecidos
São por Deus reconhecidos
Os que ajudam sem olhar
E sem nada esperar
Retorno ou contrapartida
Ganham em dobro na vida
São chamados de benditos
Ao contrário dos malditos
Que tem riqueza retida
DM - Quem nega água e comida
Esta renegando a Deus
Mesmo não sendo um dos seus
Oferte boa guarida
Se na hora da partida
Não ouvir um obrigado
Ele não é o culpado
De não ter educação
A culpa é da nação
Com o poder viciado.
TM - Eu fico desesperado
Com a nossa educação
Tão longe da perfeição
Com valor desvirtuado
Aluno quase pelado
Não respeita o fardamento
E briga a qualquer momento
Dentro e fora do colégio
Isso é um sacrilégio
Só aumenta meu tormento
DM - A inflação tem aumento
Que supera o salário
Mas tem sempre um salafrário
Com a cabeça de vento
Ocupando um assento
Pra fazer negociata
Na tevê usa a bravata
E diz que estamos crescendo
É o chicote descendo
E o povo em carreata.
TM - Pois, é isso que me mata
Mesmo com o país mal
Quando vem o carnaval
O povo esquece na lata
Podem até estar sem prata
Mas se acabam na folia
Vêem a noite virar dia
Gastando o pouco dinheiro
Que ajuntaram o ano inteiro
Inda o fazem com alegria
DM - Folião cuca vazia
Que não usa a inteligência
Pratica até violência
Transformando a euforia
Em lagrimas e agonia
Diversão vira zoeira
Vai preso por bandalheira
Sai de lá cheirando a “hirco”
Enquanto houver pão e circo
Tem lama em nossa bandeira.
TM - A nação fica banzeira
Vivendo grande tormento
Já perdeu-se o intento
De população guerreira
De gente batalhadeira
Que não queria frescura
Pois, se hoje o povo atura
Qualquer tipo de opressão
Resta me lembrar então
Das lutas na ditadura
DM - Essa fase obscura
Que nosso país passou
Muito já se superou
Mas ainda tem censura
Hoje o Brasil procura
Praticar a igualdade
Porem tem dificuldade
Por causa do preconceito
Quem infringe esse conceito
Paga por leviandade.
TM - Mesmo tendo pouca idade
Eu conheço o preconceito
Isso é um desrespeito
Com toda humanidade
Pois o homem de verdade
Respeita qualquer pessoa
Seja ruim, seja boa
Seja qual for sua crença
Pra mim não faz diferença
Se é bom ou se é à-toa
DM - Lá na terra da garoa
Muitas vezes fui tratado
Por baiano, pé rachado,
Paraíba e tabaroa.
Classificam a pessoa
Pela origem do batismo
Demonstramos heroísmo
Em tudo, de A à Z.
Mesmo assim tratam você
Com menosprezo e cinismo.
TM - É um grande egoísmo
Um ser humano julgar
E isso me faz olhar
O mundo com pessimismo
Existe o coronelismo
Com a troca de favores
Na política horrores
Ficamos prejudicados
Pois sempre somos roubados
Por malditos opressores
DM - Nas ruas os agressores
Das cidades do Brasil
Fazem à guerra civil
Roubando os trabalhadores
Matam por baixos valores
Usam palavras banais
Tevês, rádios e jornais.
Vendem o sangue a vontade
Essa é a realidade
Dos centros comerciais.
TM - Aguentar, já não da mais
A meu Pai eu peço forças
Rapazes matando moças
E filhos matando pais
Há irmãos que são rivais
Nesse campo de batalha
Onde o sangue se espalha
Pessoas cultivam ódio
Pensam que subir ao pódio
Só pode quem é canalha
DM - Tem dois fios na navalha,
Tem ouro, latão e cobre.
O latão é para o pobre,
Que tem seu teto de palha.
Se o rico comete falha,
Com certeza tem manchete.
Pobre anda de chevete,
Rico de carro blindado.
Rico tem rifle importado,
O pobre tem canivete.
TM - Na rua só tem pivete
Que nem vai para a escola
Vive só de cheirar cola
Na bandidagem se mete
Em casa da “Tia Dete”
Há a superlotação
Por isso que a detenção
Não recupera ninguém
Mesmo sendo homem de bem
Sai de lá grande ladrão
DM - Homens de boa intenção
Sei que existem no poder
Mas ninguém sabe fazer
Valer a legislação
Em um canto falta o pão
Noutro falta à moradia
Os donos da hipocrisia
Enganam o homem honesto
Que trocam um sitio modesto
Por uma periferia.
TM - Mesmo sendo utopia
O Brasil vai melhorar
Nosso povo vai lutar
Com garra, com valentia
Não vai demorar o dia
Da mudança acontecer
Basta esperar pra ver
O Brasil evoluindo
Bom futuro construindo
Com um homem no poder!!!
DM - Um novo sol vai nascer
Um sol com luz de verdade
Um sol com mais liberdade
Pro nosso povo viver
Já vejo o país crescer
Em diversas regiões
Já vejo presos os ladrões
Que massacraram meu povo
Vejo que esse mundo novo
Nós não teremos grilhões
TM - E, a todas as nações
O Brasil vai superar
Será primeiro lugar
Sem o uso de canhões
Sem força de batalhões
Só com muita união
E com fé no coração
Obteremos sucesso
A tal "Ordem e Progresso"
Terá logo sua razão
DM - Em breve a nossa nação
Vai poder respirar fundo
Seremos primeiro mundo
Também na educação
Numa próxima geração
Ou quem sabe até nessa
Já não vai ser só promessa
Ver esse povo educado
Meu país civilizado
É tudo que me interessa.
TM - O momento que atravessa
Pode não ser dos melhores
Mas já foram até piores
Porém não mais interessa
Vamos labutar com pressa
Padre, militar, civil
O grandioso ou vil
Estudante, professor
Operário, agricultor
Para guinar o Brasil
DM - Não é primeiro de abril
O que estamos falando
Nosso país ta mudando
Sem precisar do fuzil
Sem precisar ser hostil
Sem copiar mais ninguém
Passo a passo a gente vem
Tirando água de pedra
Seja em que for ninguém medra
Pois coragem a gente tem.
TM - Não mais dever a ninguém
Terá fim a violência
Não haverá indolência
Na política também
O futuro logo vem
Pra nossa felicidade
Escolas com qualidade
Pra jovens qualificados
Todos bem remunerados
Não demora a ser verdade