CASA DO CORDEL: O ACONCHEGO DA POESIA POPULAR
CASA DO CORDEL: O ACONCHEGO DA POESIA POPULAR
Eu encontrei o caminho
Onde eu queria chegar
Vim pra casa do cordel
Comecei a declamar
Eu senti tanta alegria
Que eu não paro de sonhar
Sonhar que a cultura
Possa ganhar um espaço
Precisamos de incentivo
Pra acertar o compasso
Pois um país sem cultura
Vai conhecer o fracasso
Eu fico vendo o esforço
De um grande menestrel
Pra manter viva cultura
Valorizar o cordel
Que é exportado pro mundo
E o Brasil deixa ao Léo
E de quem estou falando?
É de Abaeté do cordel
Que pelo bem da cultura
Vem fazendo o seu papel
Mas não recebe apoio
Do Estado coronel
Que marginaliza a cultura
Pro poeta ser pedinte
Mendigando patrocínio
Ouvir não, por conseguinte
Pois a poesia é simples
E não traz nenhum requinte
A poesia surge do povo
E de sua emoção
Mas os nossos dirigentes
Andam sempre na contramão
Desmerecendo a cultura
Não tem consideração
Só na casa do cordel
Eu posso encontrar
Um grande aconchego
Dá vontade de ficar
Ouvindo cantoria
Do poeta popular
É um entra e sai de poeta
Que não para de chegar
A casa está pequena
Difícil de acomodar
Mas o poeta é forte
Vai encontrar um lugar
A casa do cordel
Recebe muitos visitantes
Gente simples do povo
E outros representantes
De diversos seguimentos
São todos importantes
Mas os poetas populares
Tem uma decepção
Com os dirigentes
De nossa jurisdição
Só visitam a Casa
Quando é tempo de eleição
Não compram um cordel
Mas, distribuem sorriso
E de falsidade estou cheia
Eu confesso não preciso
O que eu quero é atitude
Fique de sobreaviso
Só pensam em falcatrua
E a cultura vão matando
Sei que a verba é enviada
Mas alguém está desviando
Se o pais não tem moral
Os ladrões estão mandando
Os meus pensamentos
Foram me interrogando
Porque a cultura do Brasil
Está se acabando?
É por causa dos políticos
Que o povo anda votando
Lá na casa do Cordel
Encontro Rodrigues Neto
Um poeta muito bom
Eu lhe tenho muito afeto
Pois fala tudo que pensa
Eu não lhe dou nenhum veto
Quando chego lá na Casa
Sempre sou bem recebida
Eu declamo meus cordéis
E sou sempre aplaudida
Pois quem ama a poesia
Nessa Casa é compreendida
Os poetas da Casa
Não fazem Cartel
Por aqui você encontra
O Boquinha de mel
Além de Abaeté
O poeta menestrel
Somente nessa casa
Os poetas fazem ninho
Sei que é prata da Casa
O grande Chico Sobrinho
Que ao lado da viola
Canta como passarinho
Tem o Braga Santos
Que pinta sua aquarela
Com seu belo cordel
Do sapo na passarela
Além da irreverência
Do Mestre Paulo Varela
Você encontra a alegria
Da poesia que brota
É ver a simplicidade
Da poeta Tônia Mota
Como água cristalina
Encontrada numa grota
Aqui também tem espaço
Pra poesia infante
Com Maçã e Maturi
Eu vi por um instante
A embolada de côco
Que eu achei fascinante
Por muitos poetas
Tenho admiração
Manuel Cavalcante
Já ganhou meu coração
Ele é um Quarto de milha
De verdade e emoção
Perdoem-me os poetas
Aos quais não pude citar
A lista é muito grande
Leva tempo pra lembrar
Tem também os esquecidos
Que temos que resgatar