AS AVENTURAS DE PEDRO MALAZARTES VOLUME II
Malazarte era um sujeito
Que vivia de usura
Apesar desse defeito
Era doce criatura
Não ficava sossegado
Se não vivesse largado
Em busca de aventura
Numa caminhada dura
Ainda de madrugada
Encontrou um urubu
De perna e asa quebrada
Abriu a boca do saco
Botou ele no bisaco
E seguiu pela estrada
Fez de noite uma parada
Sentindo seca a garganta
A barriga revirada
A sua fome era tanta
Que vendo uma casa bela
Foi bater na porta dela
Pediu um prato de janta
Veio a mulher, uma santa
Pra atender o sujeito
Quando pediu o jantar
Ela disse não tem jeito
Meu marido viajou
Não fico só com o senhor
Por ser falta de respeito
Ele até achou direito
Saiu e ficou lá fora
Debaixo de uma mangueira
Mas daí a meia hora
Chegou um cabra bem moço
Ela pulou no pescoço
O cabra entrou sem demora
Pelo jeito da senhora
Foi uma grande surpresa
Espiou pela janela
O casal tava na mesa
O homem de prato cheio
Morrendo de aperreio
Pra comer a sobremesa
Por obra da natureza
Apareceu o marido
O cabra pula a janela
A mulher puxa o vestido
Guarda a comida no armário
Vai receber o otário
Lhe chamando de querido
Malazarte escondido
Pensou, parece pilhéria
A dama no adultério
Tirando onda de séria
Não quis se incomodar
Porque queria tirar
A barriga da miséria
Esquecendo essa matéria
Chegou na porta e bateu
Pedro confessou a fome
O homem lhe acolheu
Dizendo pois não amigo
Sente na mesa comigo
Você vai jantar mais eu
Malazarte percebeu
Uma coisa interessante
Não era a mesma comida
Que ela botou pro amante
Querendo armar um rebu
Deu um chute no urubu
Que gritou no mesmo instante
Cochichou o visitante
Pro anfitrião baixinho
Meu urubu ensinado
É um grande advinho
No armário, diz ao corno
Tem peru, arroz de forno
E três garrafas de vinho......
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