SOU BRIGA NO MEI DE FEIRA

Sou pior do que frieira

No pescoço eu sou a canga

Sou o cão chupando manga

Sou briga em mei de feira

Sou navalha, sou peixeira

Sou o azar da caipora

Eu sou a lei que vigora

Quem controla o teu viver

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

E eu sou o bicho papão

Que a criancinha tem medo

Eu sou o próprio degredo

Um carro na contramão

Eu sou a raiva do cão

A dor que em teu peito mora

Aquele ovo que gora

Para o pinto não nascer

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

Eu sou a flecha certeira

Eu sou a foice da morte

Sou faca boa de corte

Sou cupim na cumiera

Um pit bull sem coleira

Correndo de rua a fora

A doença que piora

Sou quem desmancha o prazer

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

Sou a formiga saúva

Que devora o teu roçado

Eu sou um campo minado

Sou o pranto da viúva

Daqui sou a mandachuva

Sou dona, sou a senhora

Sou aço que ninguém tora

Por isso torno a dizer:

Sou relho para bater

No teu lombo a toda hora

Mote e Glosa: Luciene Soares