SOU RELHO PARA BATER / NO TEU LOMBO TODA HORA

Eu sou nódoa de caju

Que no pano deixa a mancha

Nó cego que não desmancha

Caroço no teu angu

Sou a sanha do urubu

Que a carniça devora

Na ferida sou espora

Se dói não quero saber

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

Sou pimenta no teu olho

Paulada em tua moleira

Na tua pele coceira

Mosca que cai no teu molho

No jardim sou o abrolho

Um barco que não ancora

Aquela vaia sonora

Que te deixou a tremer

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

O espinho na garganta

Sou um calo no teu pé

Trem doido de marcha ré

Sou pedra na tua janta

Cantiga que não se canta

Patrão ruim que explora

Cicatriz de catapora

Cascavel pra te morder

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

Sou a cárie do teu dente

A corda no teu pescoço

O sal na água do poço

Sou topada no batente

Quem te deixa descontente

Sou a caixa de pandora

Que a todo mundo apavora

De mim procure correr

Sou relho para bater

No teu lombo toda hora

Mote e Glosa: Luciene Soares

Luciene Soares
Enviado por Luciene Soares em 05/06/2009
Reeditado em 29/05/2018
Código do texto: T1634142
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