DEBRUCEI-ME NA JANELA / SÓ PRA VER VOCÊ PASSAR!
Na minha rua morava
Um tesouro precioso
Sorriso maravilhoso
Que muito me encantava
Meu coração ansiava
Pra com ele namorar
Ou quem sabe até casar
Sonho de moça donzela
Debrucei-me na janela
Só pra ver você passar!
No prédio assobradado
Da cidade onde morava
Lembro-me quando passava
Um rapaz bem alinhado
Gravata e terno riscado
Era o poeta Alencar
Seu jeito de declamar
Encantava uma donzela
Debrucei-me na janela
Só para vê-lo passar!
Ditinho, moço ditoso
Lá do Sítio das Ribeiras
As moças namoradeiras
Achavam ele orgulhoso
Um cantor habilidoso
Bom partido do lugar
Eu ficava a suspirar
Pra dá uma espiadela
Debrucei-me na janela
Só para vê-lo passar!
Você era um cabra feio
Porém tão inteligente
Que meu coração somente
Vivia do seu enleio
Quando ia pro rodeio
Num mangalarga a marchar
O feio dava lugar
A uma imagem tão bela
Debrucei-me na janela
Só pra ver você passar
Suassuna é antropólogo
Um arretado etnógrafo
E da vida é o fotógrafo
Do Nordeste o teatrólogo
Um tanto dado a filólogo
É cabra do meu lugar
Consegue mobilizar
A diversa clientela
Debrucei-me na janela
Só pra ver você passar!
Passa boi, passa boiada
Vão descendo a ladeira
Corro pra penteadeira
E volto tão animada
Porque lhe ver na estrada,
Minha pedra angular,
É bom pra 'desestressar'
Já que sou sua costela
Debrucei-me na janela
Só pra ver você passar!
Saudade dos quinze anos
Juventude, alegria,
Dança, passeio, folia
Pro futuro vários planos
Ausência de desenganos
Estrelas, belo luar
Cascata, açude e mar...
Sonhos de uma vida bela
Debrucei-me na janela
Só pra ver você passar!
Mote: Sander Lee
Glosa: Luciene Soares